Encerrada a temporada oficial de divulgação de Balanços do ano de 2009. Com isso, é possível desenvolver algumas análises. Para iniciar, começo comparando com o post do início de Fevereiro sobre o setor de construção civil, onde as empresas apresentavam os dados do 3 trimestre de 2009.
Apesar de praticamente todas as empresas apresentarem números melhores aos do trimestre anterior decorrente da melhora do cenário macroeconômico no país tendo como consequência um aumento significativo da receita de cada empresa devido ao aumento das vendas, minhas ações preferidas para investimento continuam sendo EZTC3 e HBOR3, pois continuam a apresentar indicadores superiores às suas concorrentes.
O que realmente me chamou a atenção lendo o Press Release de todas as empresas é a enorme diferença da apresentação de uma para outra. A transparência dos números passados pelas empresas deveria ser mais bem divulgado. Digo deveria, pois em alguns casos não são. E, devido a isso é necessário uma análise minuciosa para encontrar detalhes importantes numa tomada de decisão sobre o investimento.
Irei abordar aqui alguns pontos negativos e positivos que me chamaram a atenção nessa análise. De fato, é impossível colocar meu pensamento sobre todas empresas e suas perspectivas, por isso destaco apenas os mais relevantes.
Pontos negativos:
- Even - Balanço não revisado por auditores independentes.
- JHSF - EBITDA não auditado e na Receita de 2009 já incorporam valores não recorrentes recebidos no início de 2010 (R$60 mi referente à venda de parte do Edifício Pinheiro Neto).
- Inpar - EBITDA ajustado não auditado. Não acompanhou o ritmo de vendas de suas concorrentes no período e teve uma queda em relação à Receita de 2008.
- PDG Realty - Na parte de baixo da segunda página do Release, a empresa menciona que devido a utilização do BR GAAP, a mesma não considera o EBITDA como substituto do Lucro Líquido como indicador do desempenho operacional e que não pode ser utilizado como critério de comparação com o mesmo indicador em relação às outras empresas. Essa afirmação é colocada para mencionar que cada empresa pode caracterizar os números do EBITDA como bem entender. Particularmente, após ler isso no início da apresentação, eu, como investidor, já fiquei com má vontade de ler o restante. Acredito ser totalmente desnecessário uma indicação dessas por parte de uma empresa, o que demonstra, na minha visão, fraqueza.
- MRV - Uma empresa transparente e parceira do governo federal nos programas habitacionais, o que gera certa confiabilidade na continuidade do crescimento dos resultados, porém incluo-a em ponto negativo pois igualmente PDG Realty, utiliza a mesma frase em relação ao EBITDA, no entanto ao final de seu release.
- Rossi - A empresa, também parceira do governo federal em alguns projetos, vinha apresentando transparência e bons números até colocar um * no resultado da Margem Bruta. Com isso, foram apresentados dois valores para Margem Bruta no período. Fica a critério do investidor qual utilizar, a que a empresa apresenta uma melhora excluindo os fatores financeiros ou a que a empresa mostra uma piora em relação ao período anterior. Outro dado relevante é a dívida de curto prazo da empresa que chega a 42,6% do total do endividamento da empresa.
Pontos positivos:
- Cyrela - A transparência e a organização no press release, além dos sólidos números, deixa qualquer investidor mais confortável para um investimento.
- Helbor - Um exemplo de press release. Transparência, organização e fácil visualização. Além de tudo, apresenta crescimento contínuo e consistente. Uma bela empresa.
- Gafisa - Release com transparência. Possui evento não recorrente no 4T09 de R$13.5 mi devida a incorporação da Tenda. Sem isso, o Lucro Líquido do próximo período pode impactar de forma positiva.
- Tecnisa - Apesar do baixo volume de lançamentos no ano de 2009, não acompanhando o ritmo de suas concorrentes, a empresa se encontra com grande caixa para investir. Em minha opinião, essa empresa pode surpreender positivamente nos anos de 2010/2011.
- Eztec - Empresa sólida e de crescimento contínuo. Vejo nela o melhor investimento no setor, principalmente por apresentar suas margens líquida e EBITDA acima da média do setor. Como ponto negativo do 4T09, destaco a política diferenciada de bônus implemetada aos funcionários que impactou negativamente no lucro líquido do período. Sem isso, o resultado da empresa teria sido mais considerável.
- Brookfield - Empresa com boa administração e transparência nas informações. Apenas não investiria nela no momento, pois há outras já mencionadas neste post com indicadores mais interessantes.
* Todos os dados de indicadores da tabela anexa foram retirados do site http://www.fundamentus.com.br/
** A nova empresa do mercado, AGRE, não foi mencionada nenhuma vez neste post, pois foi recém criada de uma fusão envolvendo Agra, Abyara e Klabin Segall. Sendo assim, ainda não há dados suficientes para uma comparação com as outras empresas do setor.
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