Desde 1976, as empresas de capital aberto elaboram suas demonstrações contábeis baseando-se na Lei das S.A. A partir do início de 2011, devido às mudanças impostas pela globalização e por determinação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), as empresas brasileiras de capital aberto e de grande porte (faturamento bruto anual acima de R$300 milhões ou com ativos acima de R$240 milhões) terão que se adaptar as novas regras contábeis internacionais, implementando seus resultados no padrão IFRS (International Financial Reporting Standards). Dessa forma, o mercado de capitais brasileiro se junta a outros países como Reino Unido, França, Alemanha, Hong Kong, Austrália, além de muitos outros ao movimento de unificação dos padrões contábeis. No Brasil, algumas empresas já adotam esse sistema como Embraer, Natura, Ambev, entre outras.
Como base de valor contábil, o padrão IFRS utiliza o custo histórico, entretanto os ativos intangíveis, o ativo permanente e as propriedades para investimento podem ser reavaliados a valor justo. Atualmente no Brasil utiliza-se o custo histórico, porém itens do ativo imobilizado podem ser reavaliados.
Esse conceito de avaliação de "valor justo" irá impactar no resultado de empresas que possuem ativos biológicos (agrícolas e de pecuária, por exemplo) pois é feita com base no custo de um rebanho ou plantação e deverão ser elaboradas utilizando o conceito de quanto esses ativos realmente valem, ou seja, o valor que esperam obter com sua venda.
Outras mudanças significativas decorrem da "demonstração de outros ganhos e perdas reconhecidos", pois as IFRS requerem uma demonstração em separado dos outros ganhos e perdas reconhecidos em nota explicativa ou de forma destacada na demonstração das mutações do patrimônio líquido, o que não ocorre na apresentação atual; e, das informações por segmento de negócios, onde as empresas de capital aberto devem divulgar informações sobre os segmentos primário e secundário (de negócio e geográficos) com base nos riscos e recompensas e na estrutura interna de apresentação de informações gerenciais nas IFRS. No período atual brasileiro, essas informações não são requeridas.
Também há mudanças relevantes para empresas que operam com contratos de longo prazo, como empreiteiras e concessionárias de serviço público e empresas do setor de varejo que utilizam operações de financiamentos mais longos.
Ou seja, as principais vantagens na emissão de relatórios seguindo o padrão IFRS consistem na melhoria da transparência da contabilidade, o que facilita uma comparação de empresas brasileiras com suas concorrentes no exterior e em uma melhor qualidade de informações aos acionistas valorizando a imagem da empresa devido a melhora na governança corporativa. Por conseguinte, atrai novos investidores e pode também facilitar processos de fusões ou aquisições.
Caso tenha interesse em compreender mais diferenças ou semelhanças entre as mudanças das regras contábeis, segue a seguir o link com um estudo desenvolvido pela PriceWaterHouse Coopers: http://www.pwc.com/pt_BR/br/ifrs-brasil/assets/semelhancas-diferencas-por.pdf
quinta-feira, 13 de maio de 2010
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Ótimo artigo!
ResponderExcluirVocê acha que isso vai empactar nos preços das ações? Por exemplo, de empresas de Construção Civil?
Aulas.Mat, Obrigado.
ResponderExcluirAcho sim que isso pode impactar nos preços das ações, porém dependendo do setor da empresa, pode impactar tanto positivo como negativamente.
Veja no caso de Gerdau, Romi e Grendene, onde com a mudança para o IFRS, tiveram um impacto positivo no patrimônio líquido das mesmas.
Especificamente falando do setor de construção civil, acredito que a adoção ao IFRS, somado ao aumento dos juros no Brasil e uma perspectiva de contração do crédito já estejam impactando na queda das ações do setor.
Mesmo que haja impacto negativo no preço das ações de algumas empresas, como as de construção civil, acho que isso deve ser no curto prazo, pois vejo a adoção dessa medida como algo positivo para as empresas de capital aberto.
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