segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Energia Elétrica - Setor


Na tabela acima, apresento os indicadores atuais (fechamento 20/8/10) das principais empresas do setor elétrico que possuem ações na Bolsa. Abaixo farei breves comentários sobre os balancetes apresentados por estas empresas.
AES Tietê: Há no mínimo oito trimestres a empresa apresenta receita bruta acima dos R$400 milhões. A inconsistência do resultado financeiro traduz em variações do lucro líquido ao final dos trimestres. Apesar dessa instabilidade neste resultado especificamente, a empresa possui ótimos indicadores, é transparente e estável, além do pay out (100%) ser regular e ser uma característica benéfica à empresa. Certamente uma das melhores empresas do setor.
Coelce: A maior característica dessa empresa são os "gordos" e regulares dividendos pagos ao final de abril nos últimos anos. A consistência dos resultados e do crescimento da empresa refletem também como fatores positivos, além dos indicadores atuais.
Cemig: Mesmo com a política agressiva de aquisições nos últimos anos, a empresa parece não apresentar grande atratividade ao mercado neste ano apresentando rentabilidade negativa. A dívida bruta sobre o patrimônio e a liquidez corrente encontram-se em valores confortáveis no momento. Entretanto, outros indicadores não são atraentes no momento em comparação com a média do setor.
Cesp: Parece que a maior atratividade dos investidores na empresa é o fato do tucano Geraldo Alckmin vencer a eleição para o governo de São Paulo. Isto daria continuidade ao processo de privatização da empresa já iniciado no governo Serra. CESP6 possui 100% de tag along e o valor estimado em 2008 girava em torno dos R$48,00. Vale a aposta? Cabe a cada um decidir o custo de oportunidade. O upside neste preço estaria em torno de 80% com o preço de fechamento da última sexta feira.
Copel: O "risco Roberto Requião" parece afugentar muitos investidores da empresa. Assim como no caso da CESP, os investidores devem aguardar as eleições deste ano para a tomada de decisões. Indicadores relevantes no setor elétrico como DY e EV/EBITDA também fazem do ativo pouco atraente no momento.
Eletropaulo: Uma das melhores empresas do setor no momento. Apresenta resultados crescentes e consistentes, além dos eventos não recorrentes estarem sendo corriqueiros nestes últimos trimestres inflando ainda mais os bons resultados operacionais. Indicadores como P/L, PSR, DY, ROE, EV/EBITDA atuais apresentam o porque da rentabilidade do ativo no ano estar bem acima da média do setor. O fato que pode trazer preocupações ao investidor da empresa é a dívida que a Eletrobras cobra da Eletropaulo no valor aproximado de R$1 bilhão a ser julgado em breve e que pode modificar o panorama das ações no curto prazo.
Eletrobras: Balancetes instáveis a cada trimestre dão o tom aos ativos da empresa. A dificuldade em saber o que esperar a cada trimestre traz certa desconfiança aos investidores de médio a longo prazo. Após a distribuição dos antigos dividendos, parece que a atratividade dos ativos da empresa caiu consideravelmente. Entre todas empresas do setor, é a pior em termos de rentabilidade em 2010.
Celesc: Apesar dos bons resultados dos últimos dois trimestres e dos indicadores atuais atraentes, a parte administrativa da empresa deixa muito a desejar sendo até criticada por grandes acionistas da empresa. Deverá ser difícil no curto prazo a empresa se tornar atraente.
CPFL: A empresa com melhor rentabilidade em 2010 do setor. Os últimos dois trimestres apresentaram bons resultados principalmente com melhora significativa do resultado operacional. Pelos indicadores atuais, o ROE é o que mais chama a atenção pela lado positivo.
Energias do Brasil: Apresenta resultados consistentes e crescentes. Em termos de indicadores atuais, a empresa é a que mais se aproxima em todos citados no anexo acima com as médias do setor apresentadas.
Equatorial: Difícil fazer qualquer análise nesse momento para empresa. No próximo dia 25 as ações da empresa passarão por uma cisão entre Equatorial e a empresa Redentor. Apenas como explicação para a cisão, para cada 100 ações de EQTL3 que o acionista possuir em 25/8/2010, irá receber 100 ações de EQTL3 e 100 ações de RDTR3.
Light: Ao preço corrente, a maior atratividade da empresa fica por conta dos dividendos, além do P/L também estar abaixo da média do setor. Pelo lado negativo, ficam as multas e a exposição negativa da empresa pela mídia por conta de problemas operacionais.
Tractebel: A empresa apresenta a Receita Bruta crescente e constante. Além da margem líquida e do ROE, nenhum outro indicador na tabela acima apresenta grande atratividade no momento.
Transmissão Paulista: Em relação aos indicadores atuais, o DY dos últimos doze meses é o que mais apresenta atratividade no momento. Além deste indicador, o P/L também chama a atenção de forma positiva.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Indicadores Fundamentalistas

Foi comentado algumas vezes neste Blog a importância de indicadores como P/L, VPA, ROE, ROIC, Dívida Bruta, PSR, DY, Liquidez Corrente,..., para a seleção de uma carteira de ações. Porém, muitas vezes, o significado destes indicadores fica aquém do conhecimento. Para tanto, apresentarei abaixo como funcionam e de onde provem estes dados.

P/L - Relação preço atual da ação dividido pelo lucro da empresa. Quanto menor o valor, mais interessante. O indicador, na maioria das divulgações aparece como o valor dos últimos 12 meses. O P/L considera que caso o lucro da empresa permaneça constante ao longo tempo, o investidor poderá receber de volta o capital aplicado inicialmente. Como exemplo é possível citar a empresa X que possui P/L=8. Isto significa que, na teoria, o investidor poderá reaver o capital investido em 8 anos caso o lucro da empresa permaneça constante.

VPA - Valor Patrimonial por Ação que se dá pela divisão do valor do patrimônio líquido dividido quantidade de ações. O patrimônio líquido representa a diferença, no balanço patrimonial de uma empresa, entre o valor dos ativos e dos passivos e o resultado de exercícios futuros. O patrimonio líquido é dividido em Capital Social, Reservas de Capital, Reservas de Reavaliação, Reservas de Lucros e, Lucros ou Prejuízos acumulados. Através de uma equação é possível identificá-lo como: Patrimônio Líquido = Bens + Direitos - Obrigações.
Para fins de analise, é utilizado o P/VPA (preço da ação dividido pelo valor patrimonial por ação), onde o valor se torna atraente, na maioria das vezes, quando há um valor abaixo de um. Isto não necessariamente é uma regra, pois há diversas ações de empresas que possuem um P/VPA historicamente abaixo de um.

ROE - Return On Equity ou Retorno sobre o Patrimônio. O retorno sobre o patrimônio líquido engloba três fatores que fazem parte da administração de uma empresa: lucratividade, administração de ativos e alavancagem financeira. Entendendo o retorno sobre o patrimônio como uma composição desses três fatores, o investidor pode ter uma idéia do potencial e da capacidade administrativa da empresa. Para se calcular o ROE, multiplica-se a margem líquida de uma empresa por seu giro de ativos e pela sua alavancagem financeira: ROE = (lucro líquido/vendas)*(vendas/total de ativos)*(total de ativos/patrimônio líquido) = (Lucro Líquido/Patrimônio Líquido).
Um valor interessante para investidores pode ser considerado um valor acima da taxa de juros no período corrente para investidores mais conservadores, ou acima de 15% em períodos consecutivos para investidores idealistas.

ROIC - Indicador de análise financeira que mede o retorno sobre o capital total investido na empresa (pelos acionistas e por terceiros). O capital investido é definido como a soma do patrimônio líquido (acionistas) e da dívida de longo prazo (terceiros) da empresa. Pode ser também descrito como a relação entre o resultado operacional amplo (líquido de IR) e o investimento total empregado.
Um valor satisfatório para investidores encontra-se acima de 10%.

Dívida Bruta - É a soma de todas obrigações financeiras (empréstimos, debêntures, títulos de renda fixa, etc..) de uma empresa, sejam elas de curto ou longo prazo. Deste montante devem ser deduzidas as disponibilidades da empresa, ou seja, a soma dos instrumentos que podem ser considerados como papel moeda. Um indicador muito utilizado no mercado acionário considera a dívida bruta pelo patrimônio líquido. Qualquer valor abaixo de um neste indicador se torna mais interessante ao investidor.

VF/LAJIDA - O valor da firma é calculado através da soma do valor de mercado da empresa com o seu endividamento líquido, isto é, dívida total menos o caixa da empresa. LAJIDA é o mesmo que EBITDA em português e reflete o fluxo de caixa operacional da companhia. A relação VF/LAJIDA é utilizada para determinar quantos anos seriam necessários para pagar o investimento do valor da empresa se todo o fluxo de caixa operacional estivesse disponível para isto.

Liquidez Corrente - Relação entre o ativo circulante e o passivo circulante apurados em cada exercício. Para cada R$1,00 de dívidas correntes (curto prazo), quanto à empresa mantém em ativos da mesma maturidade. Reflete a capacidade de pagamento no curto prazo. Isto é, quanto maior o valor do indicador, o ativo se torna mais atraente.

PSR - Price Sales Ratio. Valor de mercado da empresa dividido pela receita operacional líquida ou preço da ação dividido pela receita líquida por ação. Qualquer valor abaixo de um é considerado interessante. Porém, há que se notar quando a receita líquida da empresa possui um valor considerado baixo, consequentemente o PSR também será baixo. Neste caso, este indicador pode não ser relevante para uma análise do ativo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Frontier Markets

Frontier Markets é um termo econômico que foi implementado no início da década de 1990 para descrever um subconjunto dos mercados emergentes. Nestes mercados já há investimento estrangeiro, porém as empresas possuem baixa capitalização de mercado e liquidez comparando-se aos mercados emergentes mais desenvolvidos. Investidores destes mercados acionários buscam altos retornos a longo prazo e baixa correlação com outros mercados. Alguns países como Bangladesh, Botsuana, Bulgária, Croácia, Equador, Estônia, Gana, Jamaica, Quênia, Arábia Saudita, Letônia, Lituânia, Nigéria, Panamá, Romênia, Catar, Tunísia, Ucrânia entre outros fazem parte deste mercado.

Comento sobre este mercado neste post devido a reportagem principal do periódico norte americano Barrons desta semana, o qual destaca o momento propício para investir em alguns países da África subsaariana. Os tópicos apresentados como relevantes no momento indicando um momento interessante para os mercados acionários daquele continente incluem o crescimento substancial (5% a 8% ao ano) da economia de alguns países como Nigéria e Gana, os recursos naturais disponíveis que são produzidos e exportados atualmente para o mercado chinês, o aumento da renda bruta per capita em 53% de 2000 a 2008, entre outros fatores positivos.

Como fatores negativos destacam-se a opinião da Câmara de Comércio norte americana que revela o continente como ainda não propício para investimentos devido à corrupção, falta de comprometimento as leis, governos instáveis, infra-estrutura inadequada, entre outros. Como fatores negativos específicos dos mercados acionários enfatizam-se o baixo valor de mercado das empresas, a dependência das commodities relacionada ao mercado da China e a baixa liquidez.

Na própria reportagem é feita algumas comparações entre Brasil e Nigéria como as questões do Petróleo ser estatal, assim como algumas empresas de telecomunicações e o forte crescimento na economia nos últimos anos.

O que faz sentido para uma reportagem assim é o fato de classificar estes países como os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) de vinte anos atrás, onde se encontravam com dificuldades similares (guardadas as devidas proporções) aos atuais africanos no momento como os problemas econômicos, políticos, de infra-estrutura,... etc.
Apesar de a reportagem ser extremamente interessante por ser um assunto novo e que pode vir a se tornar tendência mundial em alguns anos, citando até alguns meios para se investir em empresas daquela região como fundos de investimento ou ETF's (Exchange Trade Funds), faltaram informações básicas e extremamente relevantes como indicadores econômicos (Taxas de Juros e Inflação) e processos presidenciáveis, pois muitos se encontram há anos nos cargos.

Para quem tem interesse em ler a reportagem completa segue o link da Barrons direto a reportagem:
http://online.barrons.com/article/SB50001424052970204876804575393250733995816.html?mod=BOL_hpp_emr#articleTabs_panel_article%3D1