sábado, 25 de dezembro de 2010

Investimentos em 2010

Mais um ano se encerra e com ele ficam os dados históricos e iniciam-se as perspectivas para o ano que entra. Faltando menos de uma semana para a virada do ano, acredito que vale a pena fazer um resumo dos investimentos no Brasil no ano. Certamente os motivos que mais chamaram a atenção em 2010 foram as diversas tensões políticas e econômicas pelo mundo, o mercado interno bem aquecido iniciando uma nova alta nos juros e o provável inicio de uma guerra cambial.

Todos os dados que comentarei abaixo são do fechamento do mercado em 17/12/10.

Na Bolsa, o Índice Bovespa encontra-se negativo em -0,9%. E, quem observa apenas esse dado acredita que a Bolsa tenha tido um ano ruim, porém não é exatamente isso que ocorreu. De maior relevância houve a capitalização da Petrobras e suas incertezas devido a forte ingerência política que cerca a empresa. Com isso as ações da Petrobras no ano estão negativas em pouco mais de 27%. Além da Petrobras, o ITEL, Índice que engloba as empresas do setor de Telecomunicações é o único que figura no negativo caindo 11%. Alguns outros Índices apresentaram boa performance no ano e são eles: Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) +5%, Índice de Energia Elétrica (IEE) +10%, Índice das empresas de Consumo (ICON) +23%, Índice Imobiliário (IMOB) +3,5% e Small Caps (SMLL) +19%.

Nos mercados futuros, os preços dos ativos também tiveram significativas altas no ano principalmente o açucar (+57%), ouro (+38%), Boi (37,5%), e Soja (+28%). Já o Dólar andou na contramão dos demais e fecha o ano negativo em 9%.

A taxa de juros brasileira devido ao aquecimento do mercado iniciou 2010 a 8,75% e termina o ano a 10,75%. A grande vilã para isto ocorrer foi a alta da inflação. No ano, os índices mais importantes que medem a inflação no país fecham em alta: IPCA (+5,25%), IGP-M (+10,56%) e INCC (+7,06%).

Outros destaques positivos no mercado interno foram as vendas de veículos novos que bateram recordes seguidos mês a mês, a venda de imóveis que continuou em um ritmo muito aquecido e a taxa de desemprego pouco acima dos 3% no ano.

A Poupança deverá fechar o ano em 6,6%.

Um outro mercado que começou a chamar atenção do investidor brasileiro são os Fundos de Investimento Imobiliário devido a oportunidade de diversificação e de ganhos mensais isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas.

Boas Festas e até mais com as perspectivas para 2011.

E, caso queira receber maiores informações deste mercado com maior frequência, basta enviar um email para roberto.indech@spinvestimentos.com.br que lhe adicionarei em minha newsletter.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Newsletter Semanal

Infelizmente está cada vez mais dificil postar informações no Blog por motivos profissionais a que estou me dedicando atualmente. Porém, caso queira receber informações semanais sobre investimentos me envie um email para: roberto.indech@spinvestimentos.com.br que irei te adicionar em meu mailing semanal com diversos temas e anexos sobre este mundo dos investimentos.

domingo, 24 de outubro de 2010

Fundo de Investimento Imobiliário

Este Blogueiro está muito longe deste espaço, mas nunca esquece de algo muito importante: investimentos. Neste post comento um pouco mais de um tipo de investimento que está entrando em cena cada vez mais no cenário brasileiro: Fundo de Investimento Imobiliário. Como alternativa de aplicação, o Fundo de Investimento Imobiliário (FII) é um veículo de investimento em imóveis com o objetivo de conseguir retorno pela exploração de locação, arrendamento, venda do imóvel e demais atividades do setor imobiliário. Do patrimônio de um fundo, podem participar um ou mais imóveis, parte de imóveis, direitos a eles relativos, entre outras opções. Na maior parte dos FII's o investimento se resume a adquirir um imóvel para receber renda do aluguel e se aproveitar da valorização do principal (cota) investido.

A idéia de investir em um FII é basicamente substituir a burocracia de investir em imóveis para locação sem se preocupar com o inquilino, receber rendimentos mensais isento de imposto de renda e diversificar o portfólio de investimentos.
Outros pontos positivos são: a simplicidade adquirir cotas na Bolsa de Valores (HomeBroker); liquidez (principalmente para valores altos); custos (geralmente as corretoras/bancos cobram cerca de 1% do patrimônio na operação); vantagem fiscal (não há incidência de IR sobre o rendimento distribuído pelo fundo, o que aumenta o retorno); riscos (o FII em sua maioria investe em grandes empreendimentos com diversificação de inquilinos, não dependendo da qualidade financeira de um só inquilino).

Em relação a distribuição de resultados, os FII's devem distribuir 95% de todo o lucro que auferir ao mês, assim ao final de cada período o investidor recebe o rendimento como se fosse o aluguel.

Atualmente há diversos FII's sendo negociados. Como parte de estratégia de diversificação, há opções como Hospitais, Imóveis comerciais variados, Shopping Centers e Hotéis/Flats. Nestes casos, é interessante avaliar as perspectivas de cada setor e se os empreendimentos já possuem contrato de locação longo e qual o valor a ser reajustado via índices de inflação no caso dos empreendimentos comerciais.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Energia Elétrica - Setor


Na tabela acima, apresento os indicadores atuais (fechamento 20/8/10) das principais empresas do setor elétrico que possuem ações na Bolsa. Abaixo farei breves comentários sobre os balancetes apresentados por estas empresas.
AES Tietê: Há no mínimo oito trimestres a empresa apresenta receita bruta acima dos R$400 milhões. A inconsistência do resultado financeiro traduz em variações do lucro líquido ao final dos trimestres. Apesar dessa instabilidade neste resultado especificamente, a empresa possui ótimos indicadores, é transparente e estável, além do pay out (100%) ser regular e ser uma característica benéfica à empresa. Certamente uma das melhores empresas do setor.
Coelce: A maior característica dessa empresa são os "gordos" e regulares dividendos pagos ao final de abril nos últimos anos. A consistência dos resultados e do crescimento da empresa refletem também como fatores positivos, além dos indicadores atuais.
Cemig: Mesmo com a política agressiva de aquisições nos últimos anos, a empresa parece não apresentar grande atratividade ao mercado neste ano apresentando rentabilidade negativa. A dívida bruta sobre o patrimônio e a liquidez corrente encontram-se em valores confortáveis no momento. Entretanto, outros indicadores não são atraentes no momento em comparação com a média do setor.
Cesp: Parece que a maior atratividade dos investidores na empresa é o fato do tucano Geraldo Alckmin vencer a eleição para o governo de São Paulo. Isto daria continuidade ao processo de privatização da empresa já iniciado no governo Serra. CESP6 possui 100% de tag along e o valor estimado em 2008 girava em torno dos R$48,00. Vale a aposta? Cabe a cada um decidir o custo de oportunidade. O upside neste preço estaria em torno de 80% com o preço de fechamento da última sexta feira.
Copel: O "risco Roberto Requião" parece afugentar muitos investidores da empresa. Assim como no caso da CESP, os investidores devem aguardar as eleições deste ano para a tomada de decisões. Indicadores relevantes no setor elétrico como DY e EV/EBITDA também fazem do ativo pouco atraente no momento.
Eletropaulo: Uma das melhores empresas do setor no momento. Apresenta resultados crescentes e consistentes, além dos eventos não recorrentes estarem sendo corriqueiros nestes últimos trimestres inflando ainda mais os bons resultados operacionais. Indicadores como P/L, PSR, DY, ROE, EV/EBITDA atuais apresentam o porque da rentabilidade do ativo no ano estar bem acima da média do setor. O fato que pode trazer preocupações ao investidor da empresa é a dívida que a Eletrobras cobra da Eletropaulo no valor aproximado de R$1 bilhão a ser julgado em breve e que pode modificar o panorama das ações no curto prazo.
Eletrobras: Balancetes instáveis a cada trimestre dão o tom aos ativos da empresa. A dificuldade em saber o que esperar a cada trimestre traz certa desconfiança aos investidores de médio a longo prazo. Após a distribuição dos antigos dividendos, parece que a atratividade dos ativos da empresa caiu consideravelmente. Entre todas empresas do setor, é a pior em termos de rentabilidade em 2010.
Celesc: Apesar dos bons resultados dos últimos dois trimestres e dos indicadores atuais atraentes, a parte administrativa da empresa deixa muito a desejar sendo até criticada por grandes acionistas da empresa. Deverá ser difícil no curto prazo a empresa se tornar atraente.
CPFL: A empresa com melhor rentabilidade em 2010 do setor. Os últimos dois trimestres apresentaram bons resultados principalmente com melhora significativa do resultado operacional. Pelos indicadores atuais, o ROE é o que mais chama a atenção pela lado positivo.
Energias do Brasil: Apresenta resultados consistentes e crescentes. Em termos de indicadores atuais, a empresa é a que mais se aproxima em todos citados no anexo acima com as médias do setor apresentadas.
Equatorial: Difícil fazer qualquer análise nesse momento para empresa. No próximo dia 25 as ações da empresa passarão por uma cisão entre Equatorial e a empresa Redentor. Apenas como explicação para a cisão, para cada 100 ações de EQTL3 que o acionista possuir em 25/8/2010, irá receber 100 ações de EQTL3 e 100 ações de RDTR3.
Light: Ao preço corrente, a maior atratividade da empresa fica por conta dos dividendos, além do P/L também estar abaixo da média do setor. Pelo lado negativo, ficam as multas e a exposição negativa da empresa pela mídia por conta de problemas operacionais.
Tractebel: A empresa apresenta a Receita Bruta crescente e constante. Além da margem líquida e do ROE, nenhum outro indicador na tabela acima apresenta grande atratividade no momento.
Transmissão Paulista: Em relação aos indicadores atuais, o DY dos últimos doze meses é o que mais apresenta atratividade no momento. Além deste indicador, o P/L também chama a atenção de forma positiva.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Indicadores Fundamentalistas

Foi comentado algumas vezes neste Blog a importância de indicadores como P/L, VPA, ROE, ROIC, Dívida Bruta, PSR, DY, Liquidez Corrente,..., para a seleção de uma carteira de ações. Porém, muitas vezes, o significado destes indicadores fica aquém do conhecimento. Para tanto, apresentarei abaixo como funcionam e de onde provem estes dados.

P/L - Relação preço atual da ação dividido pelo lucro da empresa. Quanto menor o valor, mais interessante. O indicador, na maioria das divulgações aparece como o valor dos últimos 12 meses. O P/L considera que caso o lucro da empresa permaneça constante ao longo tempo, o investidor poderá receber de volta o capital aplicado inicialmente. Como exemplo é possível citar a empresa X que possui P/L=8. Isto significa que, na teoria, o investidor poderá reaver o capital investido em 8 anos caso o lucro da empresa permaneça constante.

VPA - Valor Patrimonial por Ação que se dá pela divisão do valor do patrimônio líquido dividido quantidade de ações. O patrimônio líquido representa a diferença, no balanço patrimonial de uma empresa, entre o valor dos ativos e dos passivos e o resultado de exercícios futuros. O patrimonio líquido é dividido em Capital Social, Reservas de Capital, Reservas de Reavaliação, Reservas de Lucros e, Lucros ou Prejuízos acumulados. Através de uma equação é possível identificá-lo como: Patrimônio Líquido = Bens + Direitos - Obrigações.
Para fins de analise, é utilizado o P/VPA (preço da ação dividido pelo valor patrimonial por ação), onde o valor se torna atraente, na maioria das vezes, quando há um valor abaixo de um. Isto não necessariamente é uma regra, pois há diversas ações de empresas que possuem um P/VPA historicamente abaixo de um.

ROE - Return On Equity ou Retorno sobre o Patrimônio. O retorno sobre o patrimônio líquido engloba três fatores que fazem parte da administração de uma empresa: lucratividade, administração de ativos e alavancagem financeira. Entendendo o retorno sobre o patrimônio como uma composição desses três fatores, o investidor pode ter uma idéia do potencial e da capacidade administrativa da empresa. Para se calcular o ROE, multiplica-se a margem líquida de uma empresa por seu giro de ativos e pela sua alavancagem financeira: ROE = (lucro líquido/vendas)*(vendas/total de ativos)*(total de ativos/patrimônio líquido) = (Lucro Líquido/Patrimônio Líquido).
Um valor interessante para investidores pode ser considerado um valor acima da taxa de juros no período corrente para investidores mais conservadores, ou acima de 15% em períodos consecutivos para investidores idealistas.

ROIC - Indicador de análise financeira que mede o retorno sobre o capital total investido na empresa (pelos acionistas e por terceiros). O capital investido é definido como a soma do patrimônio líquido (acionistas) e da dívida de longo prazo (terceiros) da empresa. Pode ser também descrito como a relação entre o resultado operacional amplo (líquido de IR) e o investimento total empregado.
Um valor satisfatório para investidores encontra-se acima de 10%.

Dívida Bruta - É a soma de todas obrigações financeiras (empréstimos, debêntures, títulos de renda fixa, etc..) de uma empresa, sejam elas de curto ou longo prazo. Deste montante devem ser deduzidas as disponibilidades da empresa, ou seja, a soma dos instrumentos que podem ser considerados como papel moeda. Um indicador muito utilizado no mercado acionário considera a dívida bruta pelo patrimônio líquido. Qualquer valor abaixo de um neste indicador se torna mais interessante ao investidor.

VF/LAJIDA - O valor da firma é calculado através da soma do valor de mercado da empresa com o seu endividamento líquido, isto é, dívida total menos o caixa da empresa. LAJIDA é o mesmo que EBITDA em português e reflete o fluxo de caixa operacional da companhia. A relação VF/LAJIDA é utilizada para determinar quantos anos seriam necessários para pagar o investimento do valor da empresa se todo o fluxo de caixa operacional estivesse disponível para isto.

Liquidez Corrente - Relação entre o ativo circulante e o passivo circulante apurados em cada exercício. Para cada R$1,00 de dívidas correntes (curto prazo), quanto à empresa mantém em ativos da mesma maturidade. Reflete a capacidade de pagamento no curto prazo. Isto é, quanto maior o valor do indicador, o ativo se torna mais atraente.

PSR - Price Sales Ratio. Valor de mercado da empresa dividido pela receita operacional líquida ou preço da ação dividido pela receita líquida por ação. Qualquer valor abaixo de um é considerado interessante. Porém, há que se notar quando a receita líquida da empresa possui um valor considerado baixo, consequentemente o PSR também será baixo. Neste caso, este indicador pode não ser relevante para uma análise do ativo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Frontier Markets

Frontier Markets é um termo econômico que foi implementado no início da década de 1990 para descrever um subconjunto dos mercados emergentes. Nestes mercados já há investimento estrangeiro, porém as empresas possuem baixa capitalização de mercado e liquidez comparando-se aos mercados emergentes mais desenvolvidos. Investidores destes mercados acionários buscam altos retornos a longo prazo e baixa correlação com outros mercados. Alguns países como Bangladesh, Botsuana, Bulgária, Croácia, Equador, Estônia, Gana, Jamaica, Quênia, Arábia Saudita, Letônia, Lituânia, Nigéria, Panamá, Romênia, Catar, Tunísia, Ucrânia entre outros fazem parte deste mercado.

Comento sobre este mercado neste post devido a reportagem principal do periódico norte americano Barrons desta semana, o qual destaca o momento propício para investir em alguns países da África subsaariana. Os tópicos apresentados como relevantes no momento indicando um momento interessante para os mercados acionários daquele continente incluem o crescimento substancial (5% a 8% ao ano) da economia de alguns países como Nigéria e Gana, os recursos naturais disponíveis que são produzidos e exportados atualmente para o mercado chinês, o aumento da renda bruta per capita em 53% de 2000 a 2008, entre outros fatores positivos.

Como fatores negativos destacam-se a opinião da Câmara de Comércio norte americana que revela o continente como ainda não propício para investimentos devido à corrupção, falta de comprometimento as leis, governos instáveis, infra-estrutura inadequada, entre outros. Como fatores negativos específicos dos mercados acionários enfatizam-se o baixo valor de mercado das empresas, a dependência das commodities relacionada ao mercado da China e a baixa liquidez.

Na própria reportagem é feita algumas comparações entre Brasil e Nigéria como as questões do Petróleo ser estatal, assim como algumas empresas de telecomunicações e o forte crescimento na economia nos últimos anos.

O que faz sentido para uma reportagem assim é o fato de classificar estes países como os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) de vinte anos atrás, onde se encontravam com dificuldades similares (guardadas as devidas proporções) aos atuais africanos no momento como os problemas econômicos, políticos, de infra-estrutura,... etc.
Apesar de a reportagem ser extremamente interessante por ser um assunto novo e que pode vir a se tornar tendência mundial em alguns anos, citando até alguns meios para se investir em empresas daquela região como fundos de investimento ou ETF's (Exchange Trade Funds), faltaram informações básicas e extremamente relevantes como indicadores econômicos (Taxas de Juros e Inflação) e processos presidenciáveis, pois muitos se encontram há anos nos cargos.

Para quem tem interesse em ler a reportagem completa segue o link da Barrons direto a reportagem:
http://online.barrons.com/article/SB50001424052970204876804575393250733995816.html?mod=BOL_hpp_emr#articleTabs_panel_article%3D1

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Rentabilidade dos mercados acionários pelo mundo

Fim de mais uma segunda feira nos mercados acionários mundiais e quase fim do mês de julho. Até aqui, devido ao cenário de incertezas e da aproximação dos países em um mundo globalizado, as Bolsas pelo mundo apresentam em sua maioria performances negativas. Para fazer uma comparação mais apurada, colocarei abaixo os rendimentos de diversos índices no ano e seus respectivos resultados em dólar.

Américas:


Índice / No ano / Em dólar
Dow Jones / 0,93% / 0,93%
SP500 / -0,01% / -0,01%
Nasdaq / 1,20% / 1,20%
Mexico IPC / 2,61% / 5,87%
Ibovespa / -3,13% / -4,46%
Europa:

Índice / No ano / Em dólar

FTSE 100 / -1,14% / -5,18%
CAC 40 / -7,63% / -16,28%
DAX / 3,97% / -5,77%
IBEX 35 / -12,00% / -20,25%
AEX / 0,74% / -8,70%
Swiss Market / -5,29% / -6,59%
OMX Stockholm 30 / 11,32% / 9,24%

Ásia:

Índice / No ano / Em dólar

Nikkei / -9,89% / -3,50%
Hang Seng / -4,72% / -4,87%
S&P ASX 200/ -7,89% / -7,47%

Como conclusão sobre os dados acima, é possível fazer uma analogia para entender o por que de alguns países estarem performando de forma superior a outros.

Nas Américas, destaque para a Bolsa eletrônica Nasdaq e para o índice mexicano IPC. A Nasdaq possui uma rentabilidade positiva no mês de julho de 3,3% devido aos resultados das empresas de tecnologia estarem sendo satisfatórios nesse período (2T10) o que proporcionou um ganho no ano de 1,2% para o índice.
O índice mexicano surpreende de forma positiva os investidores em geral e as recomendações sobre a Bolsa daquele país aumentam de forma significativa devido a recuperação econômica do país visto pelos últimos dois PIB's trimestrais divulgados e pelo recente empréstimo do Banco Mundial para o desenvolvimento em infra estrutura. Não a toa e de acordo com expectativas futuras, encontra-se com a segunda melhor performance (dolarizados) dos quinze índices de Bolsas citadas acima, embora o fluxo de dinheiro no IPC não seja grande (cerca de 5 vezes menor que o Ibovespa) . Vale ressaltar que o PIB mexicano contraiu-se 6,5% em 2009, comparável a crise do Peso em 1995. Uma recuperação da economia norte americana também conduz boas perspectivas para a economia mexicana visto a forte dependência das exportações para os EUA.
Já no Ibovespa, como não poderia deixar passar em branco, cito a Petrobras como a principal responsável pelo mau desempenho do índice no ano. A empresa que detém quase 11,5% na participação do índice brasileiro principal, através dos dois tipos de ações (Preferencial e Ordinária), apresenta no ano uma queda de aproximadamente 23%.

Na Europa, apesar do índice alemão DAX apresentar uma rentabilidade positiva no ano, em dólar o mesmo índice apresenta performance negativa de 5,8%. Isso ocorre devido a desvalorização do Euro frente ao Dólar, o que é possível notar também o porque dos fracos desempenhos dos outros países da zona do Euro como Reino Unido, França e principalmente Espanha. Esta última além do fator já citado, preocupa o fato do desemprego oficial estar em torno dos 20% o que afeta os resultados ainda mais além da desvalorização de sua moeda corrente.
Pelo campo positivo, reinam absolutamente tranquilos, em comparação com os mercados acionários citados anteriormente, os investidores da índice nórdico (OMX Stockholm 30). As empresas com maior destaque e liquidez são: Ericsson, SwedBank, Volvo e Sandvik.

Pelo lado ásiatico, fica como destaque o índice Nikkei e a recuperação da moeda japonesa (yen) frente ao dólar norte americano, no ano. O índice do mercado acionário vem em forte declínio desde o início da década de 90, tentando uma recuperação sem sucesso entre 2004 e 2008. Já o mercado acionário Chinês, através de seu índice SEC (Shanghai Stock Exchange) apresenta uma rentabilidade no ano negativa de 21,3%, principalmente em relação as dúvidas à continuidade da forte expansão do PIB e projeções de crescimento de setores da economia.

domingo, 18 de julho de 2010

Títulos Públicos

Alocação de Recursos significa nada mais que diversificação do portfólio de investimentos de acordo com o lema: "obter o maior retorno, através do menor risco". Nesta diversificação utilizam-se diversas alternativas como Ações, Títulos Públicos e/ou Privados, Dinheiro (leia-se moeda nacional ou internacional), Imóveis e/ou Fundos Imobiliários, Commodities e outros investimentos alternativos como Hedge Funds, Private Equity, Venture Capital,.....

Neste post, especificamente, comento sobre Títulos Públicos, que são a forma do Governo Federal captar recursos financeiros para investimentos em infra-estrutura, educação, saúde etc,... e para o financiamento da dívida pública.

E por que alocar parte dos recursos em Títulos Públicos? Na verdade, estes títulos além de ser uma forma de diversificação do portfólio de investimentos podem proporcionar rentabilidades superiores a outros investimentos de Renda fixa como o CDB e Poupança.

As características dos Títulos Públicos são variadas conforme apresentação abaixo:
LTN (Letras do Tesouro Nacional): Títulos com rentabilidade definida (taxa fixa) no momento da compra, ou seja, no momento do investimento, sabe-se qual será o valor final. A forma de pagamento é no vencimento do título.
LFT (Letras Financeiras do Tesouro): Títulos com rentabilidade diária vinculada a taxa de juros básica brasileira. A forma de pagamento é no vencimento.
NTN-C (Notas do Tesouro Nacional - série C): Títulos com rentabilidade vinculada à variação do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), acrescida de juros definidos no momento da compra. A forma de pagamento ocorre de forma semestral (juros) e no vencimento (principal).
NTN-B (Notas do Tesouro Nacional - série B): Título com rentabilidade vinculada à variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acrescido de juros no momento da compra. A forma de pagamento ocorre de forma semestral (juros) e no vencimento (principal).
NTN-B Principal (Notas do Tesouro Nacional - série B): Se difere do título acima apenas na forma de pagamento onde não há pagamento semestral de juros e sim, apenas no vencimento (principal).
NTN-F (Notas do Tesouro Nacional - série F): Título com rentabilidade prefixada, definida no momento da compra. A forma de pagamento ocorre de forma semestral (juros) e no vencimento (principal).

Referente aos custos, além do valor pago pelo Título, A CBLC (Cia. Brasileira de Liquidação e Custódia) cobra uma taxa de custódia de 0,4% ao ano sobre o valor da compra referente aos serviços de guarda e movimentação dos títulos pelos investidores. Outra taxa a ser cobrada pela compra e "manutenção" dos títulos é feita pelo Banco ou Corretora. As taxas destes últimos variam de 0 (zero) a 4,0% ao ano. Caso tenha interesse, segue o link dos agentes de custódia integrados e/ou habilitados e suas respectivas taxas referentes ao Tesouro Direto. http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/agentes_integrados.asp

Em relação ao Imposto de Renda a ser cobrado pelos Títulos, é imputado o imposto regressivo, ou seja, o mesmo utilizado para os fundos de Renda Fixa. Isso significa que para o investidor o melhor a fazer é permanecer com o título sob sua guarda até no mínimo 720 dias ou quase 2 anos. Além de oferecer essa vantagem aos detentores de títulos mais longos, o tesouro Direto oferece também melhores taxas para prazos mais longos. Atualmente os títulos que oferecem melhores rentabilidades são as NTN-F ou LTN.

Caso tenha mais dúvidas sobre essa modalidade de aplicação, segue o link do Tesouro Direto: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/

Alguns outros comentaristas mais conhecidos de investimentos estão sempre abordando o tema Títulos Públicos. Dentre eles, recomendo o link do Mauro Halfeld: http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/mauro-halfeld/MAURO-HALFELD.htm ou o Blog do Gustavo Cerbasi: http://portalexame.abril.com.br/rede-de-blogs/blog-do-cerbasi/

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Fórmulas Fundamentalistas

Muitos investidores fundamentalistas têm sua própria maneira de investir, porém alguns aspectos se encaixam de uma forma mais adequada a cada perfil. Neste post, comentarei sobre dois ícones que inspiram muitos outros investidores em valor do mercado acionário: Joel Greenblatt e sua fórmula mágica e Benjamim Graham para investidores defensivos

Joel Greenblatt apresenta em seu livro "The Little Book that beats the market" seu método de investimento: Magic Formula ou Fórmula Mágica. Nesta fórmula ele mostra como comprar uma boa empresa a um preço satisfatório seguindo um critério pré-estabelecido e simples através de um ranking formado após a utilização dos indicadores Preço/Lucro e ROE (Return on Equity ou Rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido) das empresas listadas em Bolsa. Para isso, é necessária a criação de três listas/colunas. Na primeira colocam-se as empresas com P/L menor para o maior. Na segunda, imputa-se o ROE no sentido do maior para o menor e na terceira chega-se ao resultado após a soma das posições das empresas. Neste caso, a melhor alternativa é a empresa que apresenta menor valor na soma. Greenblatt também propõem que o investidor forme uma carteira baseada na fórmula mágica com cerca de doze ações, comprando três a cada trimestre e delas faça um rodízio anual. Abaixo, apresento de uma forma melhor visualizada. Apenas para elucidar este conceito, irei utilizar as cinco empresas que possuem maior percentual no Índice Bovespa na atualidade.

Coluna 1 - P/L
PETR4 - 7,8 - 1
BBDC4 - 13,2 -2
ITUB4 - 15,0 -3
VALE5 - 20,6 - 4
BVMF3 - 25,5 - 5
Coluna 2 - ROE
ITUB4 - 21,3% -1
PETR4 - 18,1% - 2
BBDC4 - 19,5% - 3
VALE5 - 10,0% - 4
BVMF3 - 4,7% - 5

Coluna 3 - Resultado
PETR4 - 1+2=3
ITUB4 - 3+1=4
BBDC4 - 2+3=5
VALE5 - 4+4=8
BVMF3 -5+5=10

Portanto, para Greenblatt, através de sua Fórmula Mágica a melhor alternativa de investimento seria a Petrobras (PETR4).
Há um link bem interessante que apresenta um estudo um pouco mais completo dos últimos anos sobre os resultados apresentados seguindo este método versus os mercados acionários.
http://www.fundamentus.com.br/arquivos/greenblatt.pdf


Ben Graham descreve no livro "O Investidor Inteligente" algumas condições que o investidor defensivo deve analisar para a escolha de ações como: Tamanho adequado da empresa; Uma condição financeira suficientemente forte; Estabilidade de lucros; Histórico de dividendos; Crescimento dos lucros; Razão preço/lucro moderado; Razão preço/ativos moderada. Nesta última, o investidor analisa que "o preço atual da ação não deveria ser mais do que 1,5 vez o último valor contábil divulgado. No entanto, um múltiplo de lucros inferior a 15 poderia justificar um múltiplo de ativos correspondentemente maior. Como uma regra de bolso, sugerimos que o produto do múltiplo não deva exceder 22,5."
Para exemplificar melhor esta conta, apresento abaixo os mesmos ativos que utilizei na fórmula acima.

Ação - P/L - P/VPA - Produto
PETR4 / 7,8 * 1,4 = 10,9
BVMF3 / 25,5 * 1,2 = 30,6
BBDC4 / 13,2 * 2,6 = 33,7
VALE5 / 20,6 * 2,1 = 42,2
ITUB4 / 15,0 * 3,2 = 48,1

Portanto, para Graham, a única alternativa de investimento nesse momento seria Petrobras (PETR4). Neste caso, é fácil verificar que seguindo as duas lógicas dos investidores, Petrobras seria a melhor escolha. Nota-se também a disparidade dos interesses sobre ITUB4.

De forma óbvia estas são idéias interessantes e estudadas que ao longo do tempo se mostraram eficientes, cada uma de acordo com sua lógica, e que foram adotadas pelos investidores. Acredito ser válido estes dois pontos implementados, porém como uma forma inicial de "peneirar" os investimentos em ações. Há também diversos outros fatores que devem ser levados em consideração como os indicadores PSR, as Margens de cada empresa, as respectivas dívidas, crescimento anual, perspectivas do setor e administração da empresa.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Indicadores por setor - Atualização



Apenas como atualização de indicadores é possível ter uma noção mais direta sobre o momento atual das empresas e de suas pares. Neste post comento sobre este momento e destaco as melhores empresas de cada setor, segundo seus respectivos indicadores.
Construção Civil: A visão sobre este setor não se modificou das últimas considerações feitas neste mesmo Blog. A continuidade da expansão dos resultados das empresas e do momento vivido pelo setor no Brasil é claramente visualizado, principalmente nos grandes centros. Há, por outro lado, os que consideram que uma grande bolha especulativa vem sendo construída ao longo dos últimos meses. A alta da taxa de juros no país aliado a adoção ao padrão IFRS de contabilidade são os riscos mais iminentes no momento às empresas deste setor.
Como indicadores atuais visualizados na tabela, Eztec e Helbor continuam como os destaques positivos do setor. Baixos P/L, P/VP, P/EBIT, PSR são dados atuais das empresas que chamam atenção, da mesma forma como a Margem Líquida de Eztec que continua a ser um diferencial para a empresa. É possível, também, destacar de forma positiva no momento Even, Cyrela e Tecnisa.
PDG Realty e Gafisa podem ser boas alternativas em um futuro próximo devido as recentes incorporações de Agre e Tenda, respectivamente, porém no momento atual há outras alternativas mais interessantes como as destacadas acima.
Siderurgia: Com indicadores não muito atraentes no momento como P/L, PSR, DY e ROE, os investidores em valor das empresas deste setor vem sofrendo com a instabilidade dos mercados e aguardam os próximos resultados, principalmente após os reajustes de preços do minério. Pelo lado negativo fica a divulgação recente da diminuição do crescimento da China de 0,3% no mês de Abril, abaixo das expectativas de 1,7%, o que pode refletir diretamente nos resultados futuros das empresas exportadoras de minério.
Consumo: O setor que apresenta os indicadores mais elevados dentro dos quatro analisados neste post. Como destaques positivos no momento, cito Souza Cruz e Pão de Açucar. A primeira principalmente pelo seu bom histórico de pagamento de dividendos. Já a segunda por além de apresentar indicadores interessantes como PSR e Giro de Ativos, cria uma expectativa maior entre os investidores pela fusão com a Casas Bahia.
Medicamentos: Um setor que vem se expandindo nos últimos meses por fusões e aquisições. No momento atual, segundo tabela acima, o destaque fica por conta da Cremer pelo alto ROE e por seu alto DY devido não apenas a distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio, mas também as restituições de capital da empresa.
Todos os indicadores foram retirados do site www.fundamentus.com.br ao final do pregão de 7/7/10.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Resultados Financeiros

Fim do primeiro semestre de 2010 e início da expectativa sobre a apresentação de resultados das empresas de capital aberto sobre o trimestre que passou. O que esperar dos resultados desse segundo período do ano? Muitas vezes difícil de mensurar até pelos analistas que cobrem as empresas no dia a dia pelas diversas variações que ocorreram ao longo dos últimos três meses. Nesse post, especificamente, irei comentar sobre o resultado financeiro de três empresas: B2W (BTOW3), Fertilizantes Heringer (FHER3) e Minerva (BEEF3). Por que a escolha dessas três empresas? Pelo simples fato dos resultados financeiros apresentados nos últimos períodos terem sido, digamos, desastrosos para o resultado final de cada companhia, impactando nos indicadores e consequentemente nas cotações de suas respectivas ações.

B2W (BTOW3):
Período / Resultado Financeiro / Lucro Líquido

1T09 R$ (-61.761) R$ 8.034
2T09 R$ (-66.285) R$ 13.739
3T09 R$ (-61.846) R$ 13.481
4T09 R$ (-95.848) R$ 12.355
1T10 R$ (-65.849) R$ 4.209

Segundo a empresa em sua última apresentação de resultados, a despesa financeira da companhia é composta de Juros e Correções Monetárias sobre Empréstimos e Financiamentos, custo de Desconto de Recebíveis, Impostos sobre Transações Financeiras e outras despesas. Um tanto quanto imcompreensível é o modo da empresa apresentar como eficiência uma melhora do resultado do 1T10 sobre o resultado do 4T09. De fato, o resultado foi menos pior e não melhor como segue na apresentação.
Pelo lado positivo, pode-se observar, segundo o ITR (Informações Trimestrais) apresentado no site da BMFBovespa, na Demonstração do Fluxo de Caixa Consolidado, que as Receitas Financeiras aumentaram 80%, enquanto que as despesas tiveram um aumento de 32% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Pelo lado negativo, no mesmo período indicado acima, destaca-se o aumento de 125% nos custos dos descontos de recebíveis.
É preciso notar, também, que a dívida líquida da companhia encerrou o 1T10 em R$704,4 milhões ante R$520,5 no trimestre anterior, ou seja, um aumento de 35%.


Fertilizantes Heringer (FHER3):
Período / Resultado Financeiro / Lucro Líquido

1T09 R$ 6.561 R$ 4.869
2T09 R$ 116.435 R$ 60.071
3T09 R$ 1.013 R$ 29.768
4T09 R$ (-12.079) R$ (-35.200)
1T10 R$ (-28.643) R$ (-18.711)

Diferentemente da B2W, a Fertilizantes Heringer apresenta resultados extremamente inconstantes em cada período. O resultado do primeiro trimestre foi mais do que duplicado no campo negativo em relação ao trimestre anterior. No 1T10, devido a exposição cambial e ao aumento do dólar, o resultado financeiro foi deteriorado. O que preocupa para este próximo resultado a anunciar foi a contínua valorização do dólar no período. Neste segundo trimestre do ano, a moeda norte americana valorizou-se 2% ante o Real.
No primeiro trimestre do ano as Receitas Financeiras subiram 38%, enquanto que as Despesas 139%. A continuar neste ritmo, e o dólar valorizando-se, não se vê perspectivas interessantes na empresa, pelo menos a curto prazo no que tange aos resultados financeiros.
Ao final do primeiro período de 2010, a Dívida Líquida da companhia se encontrava próxima a R$ 467 milhões e a Dívida Bruta/Patrimonio Líquido em mais de 2 vezes. A liquidez corrente em 0,74 também indica que a empresa pode ter dificuldades de pagamento nas dívidas de curto prazo.

Minerva (BEEF3):
Período / Resultado Financeiro / Lucro Líquido

1T09 R$ (-34.774) R$ 0.964
2T09 R$ 24.732 R$ 56.899
3T09 R$ (-32.249) R$ 5.949
4T09 R$ (-25.488) R$ 17.540
1T10 R$ (-64.578) R$ (-23.155)

Os resultados financeiros desta companhia também não são nada animadores. Como é possível verificar, houve um aumento de 153% na deterioração do resultado do 1T10 ante o período anterior. Segundo a empresa, este resultado foi crescente devido a exposição cambial em dólar, despesas não recorrentes relacionadas a emissão de notes e despesas adicionais relacionadas à amortização antecipada das dívidas de curto e médio prazo. As Receitas Financeiras no período ante o trimestre anterior aumentaram 66%, enquanto as Despesas aumentaram 131%.
O que pode proporcionar novamente impacto negativo para este próximo resultado é outra vez a valorização da moeda norte americana, visto que 75,4% dos emprestimos estão indexados em moedas estrangeiras.
O que pode modificar este panorama é modificação do Diretor Financeiro da empresa que iniciou suas atividades em Maio.
Ao final do primeiro período de 2010, a Dívida Líquida encontrava-se em R$882,5 milhões. A Dívida Bruta/Patrimônio encontrava-se em 2,68.


Com os dados e constatações acima, pode-se verificar a inconstância destas empresas no que tange aos seus respectivos resultados financeiros e o impacto deles no lucro líquido final. Portanto, o que resta aos investidores no momento é aguardar os resultados do próximo período e verificar a capacidade de mudança ou continuísmo de maus resultados financeiros e o impacto que isso trará as suas respectivas ações.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Entrevista: Arnaldo Waissmann

Como este blogueiro é curioso e gosta de escutar e entender a forma como trabalham outros investidores, e para aproveitar o ensejo, darei prosseguimento a seção Entrevistas deste Blog. Neste post, conversarei com Arnaldo Waissmann. O convidado é conhecedor do mercado nacional e internacional, atua nas áreas de renda fixa e variável. Como trader, opera no mercado de ações utilizando apenas Análise Técnica. Arnaldo Waissmann é Engenheiro Mecânico e Engenheiro da Qualidade, tem dez anos no mercado financeiro e nos últimos oito está no mercado de ações.

Particularmente optei pela entrevista com Arnaldo por ser um trader extremamente organizado em suas operações e por sua experiência de mercado, fatos que tornaram o papo mais interessante e agregador para quem atua neste mercado.

Blog SempreInvestir: Quando e por quê iniciou no mercado de ações utilizando análise técnica?
Arnaldo: "Sempre utilizei gráficos em minha vida, seja para medir/controlar meu patrimônio, coisa que faço desde 1982, seja para controlar peso corporal e etc.
Assim, há cerca de 15 anos comecei a refinar minhas técnicas gráficas, uma vez que minha formação impôs profundos estudos estatísticos.
Por mais simples que meus gráficos (destinados ao mercado de ações) eram no início, percebi que eles começavam a se movimentar antes que uma notícia ou justificativa determinassem este comportamento. Pouco tempo depois aparecia um balanço, uma fusão, uma venda, renegociação,...ou algo que estava definitivamente ligado ao movimento gráfico que percebia com alguma antecedência. No mínimo não precisava ficar esperando o jornal do dia seguinte ou procurando uma notícia na net.
Fiz alguns cursos, mas percebi que com os conhecimentos obtidos em minha formação precisavam e poderiam montar um modelo, foi o que fiz. Apliquei, refinei, apliquei de novo, refinei,...e hoje aplico a metodologia com rigidez."

Blog: O que acredita ser essencial para se ter sucesso na análise técnica?
Arnaldo: "Se você quer atuar na análise técnica, atue na análise técnica, não misture as coisas, não misture com fundamentos, com as famosas dicas do mercado, opiniões diversas, sentimentos,...Costumo dizer que o homem que tem dóis relógios, não sabe que horas são. Outro dia, um trader, meu conhecido, que havia ganho uma certa quantidade de dinheiro, me justificou a operação baseado "em algo que veio do seu estômago, veio de dentro"...bem como o meu estômago não pensa e eu sei bem o que dele sai, prefiro usar meu método e minha cabeça.
O que se pode observar é o cenário como um todo, mas para entender os movimentos, nunca para antecipá-los.
Obviamente, não desprezo outros métodos, mas este é o método que atuo e aconselho a outras pessoas, pois para mim foi o mais "performante". Inclusive, tenho ajudado vários conhecidos, mostrando-lhes onde há bons sinais e aonde há maiores incertezas."

Blog: Em um contexto geral, como vê o cenário atual do Ibovespa?
Arnaldo: "O Ibovespa está numa fase de transição, mas com certeza teremos boas novas neste ano e principalmente nos próximos. Lógico que teremos momentos ruins...que servirão para alavancarmos nossos ganhos, daí mais uma importância da AT, ou seja, identificar estes fundos ou momentos de maior baixa."

Arnaldo, o Blog SempreInvestir lhe agradece pela participação.

Em breve, este Blog espera contribuir com outros convidados e com assuntos diversos neste espaço. E, o interessante deste bate papo acima é notar que, assim como na Entrevista com Didi Aguiar neste mesmo Blog, o perfil, a história, e os objetivos de cada investidor se mostram diferentes, apresentando a "tal" psicologia de massa que movimentam os mercados, o que acaba por tornar a Bolsa de Valores um lugar cada vez mais atraente, pelo menos para este blogueiro.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O mercado de ações no mundo globalizado

O mercado de ações cada vez mais globalizado sugere o acompanhamento de diversos índices mundo afora frequentemente, para não dizer minuto a minuto. Além dos índices costumeiros a acompanhar como o DAX (Alemanha), CAC-40 (França), FTSE 100 (Reino Unido), Dow Jones e SP500 (EUA), SSE (China) e Nikkei 225 (Japão) há outros índices que foram se inserindo nesse mercado devido a importância de cada no contexto do mundo globalizado. Índices constituídos por uma variedade de países, de empresas, commodities, entre outras alternativas de investimento foram lançados no mercado para criar atrativos e diversificação ao investidor. Os famosos ETF's, fundos de índice, são os principais "patrocinadores" que proporcionam em grande parte esse momento.

Dentre os índices de maior importância no cenário internacional atual é possível selecionar alguns como: CRB Commodities Index, MSCI ACWI (All Country World Index) Index Fund, MSCI Frontier Markets Indices, MSCI EAFE (European, Australasian, and Far Eastern markets) Index Fund e EEM - MSCI Emerging Markets Index Fund.
Junto a estes, o acompanhamento da cotação do Ouro e do Brent Crude Oil, individualmente cada, também se tornou uma necessidade no panorama atual.

CRB Commoditie Index: Os componentes do Reuters CRB estão divididos por subgrupos onde a maior participação (23,5%) fica com os chamados Softs (Açucar, Cacau, Café e Suco de Laranja). Posteriormente com 17,6% ficam os subgrupos de Energia (Crude Oil, Heating Oil e Gás Natural), Grãos (Trigo, Milho e Soja), e Metais Preciosos (Ouro, Prata e Platina). Por fim, com participação de 11,8% estão os subgrupos Industriais (Cobre a Algodão) e Carnes (Boi Gordo e Porco).

MSCI ACWI: Como o próprio nome já diz anteriormente, este é um fundo de índice que acompanha empresas de diversos países pelo mundo. EUA (43,5%), Japão (9,0%), Reino Unido (8,2%) e Canadá (4,6%) são os países que possuem maior posição no portfólio. O Brasil se encontra na décima colocação com uma participação de 1,9%. Os setores predominantes neste ETF são: Financeiro (20,8%), Tecnologia da Informação (12,4%), Energia (10,8%0 e Industriais (10,0%).
Em 2009, o ETF apresentou retorno positivo de 34,6%

MSCI Frontier Markets Indices: Um índice que acompanha empresas de 26 países que são considerados de pequeno a médio porte no cenário econômico internacional e portanto possuem uma relevância menor. Estão abaixo dos considerados emergentes e que postulam cargo a serem considerados como tal caso haja melhorias na economia local. Figuram nesta lista países como Argentina, Bulgária, Croácia, Romênia, Ucrânia, Kenya, Nigéria, Tunísia, Líbano, Catar e Vietnam.

MSCI EAFE: Outro fundo de índice considerado de grande relevância no contexto do mercado internacional. Japão (23,2%), Reino Unido (20,8%), França (9,3%) e Austrália (8,3%) são os países que possuem maior participação no portfólio. Os setores predominantes neste ETF são: Financeiro (24,4%), Industriais (12,2%) e Consumo de Alimentos Básicos (10,1%). Em 2009, este fundo de índice apresentou retorno positivo de 31,8%.

MSCI Emerging Markets Index Fund: Este fundo de índice representa os chamados países emergentes. A participação atual de seu portfólio é constituída pelas empresas representadas por seu respectivo país como China (18,8%), Brasil (15,4%), Coréia do Sul (13,0%), Taiwan (10,6%) e África do Sul (8,2%). Curiosamente, apenas atrás desses países é que figuram Índia e Rússia. Os setores Financeiro (24,4%), Energia (14,6%) e Tecnologia da Informação (14,4%) são os que possuem maior participação neste ETF. Desde a criação desse fundo de índice em Julho de 2003, o mesmo apresenta retorno médio anual de 22,5%. Dentre as empresas brasileiras que estão inseridas neste fundo, Petrobras, Vale, Itau-Unibanco, Bradesco e Ambev são as que possuem maior participação.

domingo, 6 de junho de 2010

Análise Fundamentalista X Análise Técnica

Como muitos escrevem sobre o tema, não seria este blog tão diferente dos demais, porém irei acrescentar alguns pensamentos pessoais sobre o assunto que não vejo com certa frequência. Sobre essa visão pessoal, muitos podem achar polêmicas ou equivocadas, mas como disse, são pessoais e as vejo dessa forma. E, para constatação, serei generalista.

A análise técnica sugere ser possível, através dos gráficos, identificar o momento de abrir e fechar posições através do histórico do ativo. Nela, utilizam-se os gráficos em busca de padrões e/ou tendências. O grafista se baseia em diversos indicadores que são estabelecidos por tempos determinados de acordo com o perfil e o interesse do investidor. Médias Móveis, Índice de Força Relativa, Volume, Canais, Fibonacci, Suportes e Resistências são alguns dos indicadores utilizados pelos analistas técnicos. Outro ponto interessante em relação a AT é a capacidade de identificar o comportamento da massa (investidores) para analisar o rumo do ativo, principalmente no curto prazo.

A análise fundamentalista baseia-se em estudos para tentar medir o valor intrínseco do ativo, ou seja, o valor adequado que reflita a situação da empresa no presente e as expectativas futuras utilizando os balanços da empresa através de seu gerenciamento, estudos do cenário econômico nacional e mundial devido à globalização, perspectivas do segmento a que pertence à empresa no mercado, entre outros fatores micro e macroeconômicos. O fundamentalista emprega alguns indicadores como P/L, P/VP, P/EBIT, PSR, ROE, DY,..para fazer suas análises e tomar decisões. O fundamentalista também não sofre tanto com a volatilidade do mercado no dia a dia por ser um investidor de médio/longo prazo.

No mundo dos ativos negociados onde podem ser empregadas estas análises, é factível que como qualquer outro negócio, há vantagens e desvantagens de ambos os lados, sendo cada uma delas utilizadas de acordo com o perfil e o horizonte de cada investidor. Particularmente, no dia a dia, utilizo as duas análises deixando grande parte do capital investido em ativos com bons fundamentos e pequena parte para trades curtos. No meu modo de ver o mercado, a AT é objetiva no curto prazo onde é possível pré-estabelecer objetivos de ganhos e perdas em cada trade (quando se é disciplinado). No longo prazo, AT é praticamente inexistente. Já AF é "aceitável" no curto prazo devido aos indicadores de momento da empresa e teoricamente presumível através de estudos para o longo prazo. Aceitável no curto prazo, pois pode haver lucros não recorrentes que acabam por inflar e esconder o resultado real da empresa no período.

A maioria dos fundamentalistas não se dá ao trabalho de estudar e entender AT e por isso debocham e criticam os grafistas e seus prognósticos. É possível que isso aconteça devido ao desconhecimento, ou a falta de interesse, ou a falta de humildade, ou pela simples falta da necessidade de conhecer sobre o assunto, ou a todos somados juntos. Por outro lado, chama a atenção a incapacidade ou a falta de interesse, ou a falta da necessidade do grafista em conhecer o setor, os produtos/serviços e os indicadores fundamentalistas da empresa que negocia.

Por ser dinâmico, negociar ativos utilizando AT muitas vezes se torna atraente, principalmente quando há êxito na negociação. Pelo lado negativo, a perda de capital em uma negociação leva muitos traders de mercado a uma certa depressão momentânea e posterior reflexão. De fato, o psicológico é afetado a cada resultado final, o que torna o investidor-especulador ainda mais instigado. Por ter uma visão de médio/longo prazo, o fundamentalista dorme tranquilo esperando novas oportunidades. Já o grafista adormece com um olho fechado e o outro aberto nos mercados futuros no resto do mundo.

Com a análise técnica, é possível se proteger de um mercado de baixa utilizando "stops" ou até lucrar ao posicionar-se vendido (alugar ativos) em ativos que estão com prognósticos baixistas. Na análise fundamentalista, o investidor se protege de um mercado de baixa através da alocação de recursos e aproveita a queda para adquirir maior participação em ativos de renda variável.

Outro ponto importante nesse comparativo é o tempo disponível para estar junto ao mercado. O grafista necessita estar diante de suas análises constantemente para poder captar as oportunidades do momento. Já o fundamentalista tem a necessidade de analisar balanços e indicadores antes e pós resultados e suas mudanças, economia nacional e mundial,..., com certa tranquilidade e muita dedicação aos estudos buscando novas oportunidades visando horizontes mais longos.

Portanto, ao que tudo indica, o perfil e o horizonte são as palavras-chave que determinam qual caminho/estratégia o investidor deverá seguir e isso depende apenas de si próprio e sua sabedoria em utilizá-los. As críticas vindas da outra escola sempre serão por motivos variados ou apenas pelo fruto do desconhecimento. Entretanto, no final, todos estão nesse mercado pelo mesmo motivo: lucro.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O impacto da variação cambial no resultado das empresas

Bolsa em baixa, Dólar em alta ou Bolsa em alta e Dólar em baixa. Na maioria dos pregões há uma percepção grande quanto a correlação do sentido contrário em que caminham. O fluxo dos investidores estrangeiros interfere, em sua maior parte, para que isso ocorra. Neste post, irei analisar algumas empresas e seus respectivos endividamentos em moeda estrangeira e como isso interfere diretamente nos resultados trimestrais.

Desde o encerramento do mês de Março até o dia 2 de Junho, o Dólar obteve uma pequena alta de 0,85%. Já o Índice Bovespa desvalorizou-se 10,6%. O que corroborou para a obtenção desses valores foi a saída de R$1.2 bilhões em Abril dos investidores estrangeiros. Porém, em Maio, estes mesmos investidores injetaram mais R$1.5 bilhões na Bolsa brasileira, o que mostra que mesmo sendo valores significativos, influenciam no resultado do índice, entretanto não sendo fator único. A média mensal de participação destes investidores nos últimos meses fica em torno dos 30% do volume total da Bolsa.

Sendo assim, a desvalorização da moeda brasileira frente ao Dólar também corrobora no impacto dos resultados das empresas brasileiras a cada trimestre devido as dívidas das empresas, principalmente as de curto prazo, estarem em partes atrelada a moedas e taxas de juros internacionais. Há também outros motivos relacionados às moedas internacionais impactarem nos resultados das empresas como a utilização de Hedge e Derivativos estarem indexadas a moeda norte americana.

Como anunciado no release do primeiro trimestre de 2010 da Gerdau, a empresa possuía 9% de sua dívida bruta sendo de curto prazo. Esta dívida possuía 41% em moedas estrangeiras e empresas no exterior. A dívida total da empresa estava composta por 21% em Reais, 36% em moeda estrangeira contratada por empresas no Brasil e 43% em diferentes moedas contratadas pelas subsidiárias no exterior. Em relação ao caixa da empresa, este possuía 37% do total, em 31 de Março, sendo dólares norte americano. No trimestre, o desempenho do resultado financeiro foi negativo de R$247 milhões, devido principalmente a desvalorização de 2,3% do Real frente ao Dólar no período. Portanto, por essa indicação, é possível supor que caso a moeda norte americana continue a valorizar-se até o fechamento do mês de Junho, a empresa irá ter um resultado financeiro negativo.

A TAM divulgou seu release de resultados do 1t10 afirmando que obteve uma despesa líquida de R$26,1 devido a variação de R$1,74 para R$1,78 a cada Dólar no período. Em relação ao endividamento, a empresa anunciou que 84% do endividamento total está denominado em moeda estrangeira. Sobre a dívida total, 19% é considerada de curto prazo. Desse valor, apenas 24% está atrelada ao Real. Isto nos remete a ter certa precaução em relação ao resultado financeiro da empresa caso o Dólar continue a se valorizar frente ao Real.

A Fibria obteve um resultado financeiro líquido negativo de R$341 milhões. Apenas relacionada a variação cambial a perda ficou em R$209 milhões no período (1t10), devido a valorização de 2% do Dólar frente ao Real. Em relação a dívida bruta no período, 62% está indexada em moeda estrangeira. Devido ao grande percentual da dívida total da empresa estar atrelada ao Dólar norte americano, a empresa utiliza-se de derivativos. Porém, mesmo utilizando operações de Hedge para esta posição a empresa obteve uma perda de R$13 milhões no período.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Boas empresas, indicadores nem tanto


Quando inicia-se um investimento em empresas de capital aberto empregando value investing (investimento em valor), há diversas variáveis ou indicadores que são utilizados para esta tomada de decisão. Indicadores como P/L (Preço/Lucro), P/VP (Preço/Valor Patrimonial), DY (Dividend Yield), ROE (Return on Equity), Margens, PSR (Price Sales Ratio), entre outros, raramente são deixados de lado. Portanto, toma-se a decisão em um conjunto de fatores que somados chegam a satisfazer o investidor. Sendo assim, apenas um ou dois indicadores conjuntamente, seja pelo lado bom ou ruim, tem um relevancia menor na soma dos fatores. Há diversas empresas que considero interessante do ponto de vista da marca, estrutura, nicho de mercado, entre outros. Porém apesar de possuírem os requisitos mencionados anteriormente, não chegam a me agradar em relação a diversos indicadores de mercado, o que me faz desconsiderá-las de ter seus ativos em meu portfólio, pelo menos neste momento.

Ambev - A empresa já apresenta seus relatórios trimestrais no padrão IFRS, o que facilita muito para o investidor identificar os segmentos que produzem mais receita e/ou despesa à empresa. Considerei o resultado do 1T10 satisfatório, principalmente quando exclui-se a perda não recorrente de R$46 mi devido ao fechamento de uma fábrica no Canadá. O resultado financeiro líquido novamente deixou a desejar, apesar da melhora se compararmos com o mesmo período do ano anterior, devido ao contínuo resultado negativo referentes às perdas com derivativos e instrumentos não derivativos. Como é possível verificar na tabela acima, o ROE da empresa possui um número considerável, ainda mais pelo fato da empresa conseguir mantê-lo acima dos 24% ao ano. O pay out da empresa e as margens bruta e EBIT também são mantidas em níveis satisfatórios, assim como o lucro líquido da empresa que mantém uma subida ano a ano. Porém, considerando os indicadores atuais como P/L em torno de 20; P/VP e PSR acima dos 4,5; DY dos últimos 3 anos e atual em torno de 4,0 e Giro de Ativos beirando 0,5 são os indicadores que me fazem manter com a política de não investir na empresa, pelo menos momentaneamente.
CCR Rodovias - Outra empresa que possui nicho de mercado não considerado cíclico, o que torna a empresa mais atraente. Possui uma diversificação no portfólio de produtos que aumentou no histórico recente da empresa. Projetar o lucro trimestre a trimestre da empresa se torna uma tarefa um tanto quanto ingrata, visto as enormes variações do resultado financeiro devido ao grande portfólio de produtos utilizados com operações cambiais e Hedge, dívidas em moedas e taxas de juros internacionais e nacionais. No histórico da empresa vemos as margens se manterem constantes, pay out mínino de 50% definido pela empresa, e uma dívida aumentando devido aos investimentos recentes. Atualmente, um P/L próximo a 25; P/VP em torno de 5,3; P/EBIT igual a 10; histórico de DY abaixo de 5,0; PSR próximo de 5,0 e Giro de Ativos em 0,3 fazem com que os indicadores se tornem um mal investimento no momento.
Hypermarcas - A empresa está se destacando no cenário atual devido as diversas empresas que vem adquirindo recentemente. Sendo agressiva, a perspectiva de lucros aumenta para o investidor. A questão no momento é: a Hypermarcas está pagando barato, o valor justo ou caro por essas empresas que vem adquirindo? A resposta, infelizmente, não pode ser reconhecida por um investidor comum. Um outro aspecto que chama a atenção momentaneamente é o vencimento da dívida bruta da companhia até o fim de 2010: quase 35% do total da dívida. Como histórico recente, a empresa se fortalece para ser praticamente detentora de um portfólio imenso de produtos. Atualmente com um P/L próximo a 40; P/VP em 3,5; sem histórico de distribuição de dividendos devido a política agressiva da companhia em investimentos; baixa Margem EBIT, Giro de Ativos em torno de 0,3; fazem com que o investidor focado em fundamentos aguarde mais para investir na empresa.
Portanto, apesar de serem empresas fortemente reconhecidas no cenário atual, os investidores em valor não as reconhecem dessa forma como um investimento interessante, pelo menos no momento.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Wall Street 2 - The Money Never Sleeps

A partir do fim de Setembro deste ano, os amantes do mercado acionário terão a oportunidade de acompanhar o filme Wall Street 2 - The Money Never Sleeps. O filme será dirigido por Oliver Stone e terá novamente Michael Douglas (Gordon Gekko) no papel principal. Porém, desta vez, Gekko terá a companhia de Shia LaBeouf (Jacob "Jake" Moore) no papel do jovem que trabalha em uma corretora dos EUA e que tenta a aproximação do milionário recém saído da cadeia para alcançar seus objetivos.

No primeiro filme da série, em 1987, Michael Douglas ganhou o Oscar de melhor ator. O papel de Charlie Sheen (Bud Fox) também rendeu boas críticas. No filme, o jovem Bud Fox viu-se atraído pelo poder do milionário para tentar alcançar seus objetivos. No fim, paga um preço alto por um caso de espionagem e acaba preso. Posteriormente, é "obrigado" a entregar seu mentor por crimes financeiros.

Segue acima o trailer do filme que será lançado em Setembro. Portanto, agora é aguardar até lá e conferir o que esse novo filme irá nos proporcionar.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

The Curious Capitalist

O antes país do carnaval e do futebol parece cada vez mais ter se tornado porto seguro para os investidores estrangeiros. Na revista americana Time dessa semana, há um artigo interessante que expõe o sentimento atual dos mesmos.
O texto escrito abaixo é de Zachary Karabell.

Risk Inverse. Greece shows that investors looked for trouble in the wrong places. Why the developing world is now the better bet

The unfolding drama of the Greek economy has roiled markets and awakened fears of global economic calamity that had been dormant for more than a year. The $1 trillion rescue package assembled by the European Union and the International Monetary fund may be enough to keep the Greek disease from infecting Spain, Portugal, Ireland and other overleveraged European countries. But the events of the past weeks echo the lessons of the near global meltdown of late 2008 and the early 2009: the world is indeed a risky place, although not in the places most people think of as risky. The global economy is indeed riddled with problems, but not in the places most people think of as problems.

For most of the past 40 to 50 years, the world has been divided in various ways: communist and capitalist, democratic and authoritarian. West and East, First world and Third World, and developed economies and emerging economies. When it came to business and investing, the First World - the Western world and the developed world - was seen as secure, stable and capital-rich, while the Third World and the emerging economies were seen as unstable, capital-poor and highly risk. Think of the much heralded and much needed bailout of the Mexican peso in 1994, the contagion of the currency devaluations that started in Asia in 1997 or the periodic hyperinflation that has plagued Argentina.

The crises of the past two years, however, stemmed not from the risky parts of the world but from the supposedly safe havens of the U.S. and the euro zone. Risk is no longer over there; it's here. It isn't in exotic parts of the world; it's in the cradle of Western civilization. In the fall of 2008, it wasn't oil shocks in the Middle East that triggered the meltdown; it was subdivisions in Phoenix and financial wizardry on Wall Street. In the 1970s, sovereign-debt defaults in Latin America hit Citibank hard; in the past two years, the near default of Citi rocked Latin America.

Investors haven't adjusted to this new reality, though. Rates on emerging-markets bonds - a good proxy for how much risk investors perceive there to be - from countries like Brazil are more or less on par with the rates charged on Greek and Spanish debt. And the latter two are dead broke. American pension plans, which have every incentive to reduce their risk, allocate on average only 2,1% of their portfolios to emerging-market debt, compared with double digits for U.S. and European debt.

Or take the continued misreading of China's economy. Before 2008, it was commonly assumed that the Chinese banking sector would bring that economy to a halt - either in a soft landing, as the loans were written off and the government recapitalized those banks, or in a hard landing, when the banking sector imploded. Turns out Chinese banks weren't the problem: American and European banks were. It wasn't China's nonperforming loans that should have caused anxiety; it was ours.

Today it is the Asian, Brazilian and Indian banks that are well capitalized and run conservatively. Yes, China's banks are chock-full of sketchy loans, but many those are government-backed, meant to finance an industrial build-out that is key to economic growth. They are less like bad loans and more like government expenditures, and unlike the social handouts of Greece and U.E., those expenditures are going into infrastructure and investment rather than just consumption. Look around the world and you'll see growth and capital discipline born of hard experience in those places still associated with risk; you will see capital profligacy and anemic growth in those parts of the world still seen as safe.

Granted, some of this is human nature. People everywhere suffer from home-country bias - the belief that one's own society is safer and more comprehensible than others. Investors tend to put more money in local stocks and bonds. But, for the first time, home-country bias makes sense if you are in Brazil or India or China or dozens of other regions. And it make much less sense if you are American or European. Although world stock markets are down this year more than U.S. and European ones, that is largely because big institutions in America and Europe have been selling non-U.S. assets to bolster their balance sheets and average investors have remained skittish about a risky world beyond their borders. In short, while the reality of risk has shifted dramatically, the perception of it hasn't.

The Great Recession, so great in the West, is the Great Emergence for the rest, and the risk has moved from far away to uncomfortably close. Our compass is broken, and our desire for safety is leading to ever greater risk. We need to understand that new reality, and quickly.

Karabell is the president of River Twice Research and a co-author of the forthcoming book Sustainable Excellence

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Relatórios de Gestão

Fim do mês de Abril e as dúvidas e perspectivas sobre o mercado de ações e renda fixa continuam, como sempre acontece e acontecerá. E, ao fim dos meses, muitos gestores de fundos divulgam relatórios apresentando os motivos da queda/alta de rentabilidade do respectivo fundo. Dentro de cada relatório, é possível notar as variáveis e a diversidade que cada gestor apresenta para as perspectivas futuras e os pensamentos semelhantes e antagônicos entre os mesmos sobre o período atual da economia mundial. Portanto, nesse post, colocarei algumas passagens interessantes de cada relatório que costumo ler cada mês. É evidente que aqui neste post teremos poucas opiniões, ainda mais se compararmos proporcionalmente com o tamanho da indústria de fundos, até porque não é possível acessar a maioria dos relatórios que são disponibilizados apenas para os respectivos cotistas de cada fundo.

Sparta Fundos - Sparta Cíclico FIM: "O anúncio de novos pacotes de ajuda financeira a Grécia não tem sido suficiente para acalmar os ânimos do mercado. De toda a forma, acreditamos que os impactos no Brasil serão pequenos, trazendo apenas alguma volatilidade aos mercados no curto prazo. As sucessivas medidas de aperto monetário na China, que tem por objetivo conter a especulação imobiliária no país, vêm sendo fonte de preocupação adicional para o Brasil, grande exportador de commodities. Por outro lado, a economia americana continua sua trajetória de recuperação não inflacionária. No Brasil, o BC iniciou um ciclo de aperto monetário para trazer a inflação novamente para níveis de conforto, conforme já era esperado pelo mercado."

Geração Futuro - Geração Programado FIA: "o principal indicador do desempenho do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa, mantém-se praticamente estável, sem valorização, desde meados de Outubro de 2009 - naquele momento, o Ibovespa acumulava alta de quase 80% em 2009. Esta situação, em que o índice de mercado permanece há quase 200 dias sem valorização, sinaliza uma atrativa oportunidade de investimento, principalmente se considerarmos o bom momento da economia brasileira que se encontra num cenário muito melhor e mais favorável que o vivenciado no último trimestre de 2009."

CSHG - CSHG DI FI Referenciado: "O comprometimento da União Européia e do FMI com uma série de medidas para garantir recursos à Grécia no curto prazo não foi suficiente para consolidar uma visão de recuperação de solvência do sistema. A propagação da crise de confiança grega a outras regiões, como Portugal e Espanha, traz riscos mais relevantes à economia mundial, dada a conexão desses países ao resto do mundo. O temos desse contágio ajudou a retirar o foco da recuperação dos EUA, que apresenta uma recuperação consistente da economia em 2010 e com perspectiva favorável. Dessa forma, se um cenário de contágio se materializar, reflexos serão sentidos em todos os mercados, inclusive no Brasil, onde se vive hoje a situação oposta: excesso de crédito e crescimento da economia acima do potencial. Em relação ao Brasil, a tendência agora é que a curva de juros aponte para novas altas de 0,75%, embutindo algum prêmio, já que o risco inflacionário não foi contido. Obviamente a situação européia será observada pelo Comitê do Banco Central e o agravamento poderá modificar sua forma de atuação."

CSHG - CSHG Verde FICFIM: "Como já disse inúmeras vezes e continuará sendo o tema central de nossos materiais, o modelo de desenvolvimento brasileiro (que incentiva enormemente o consumo em detrimento do investimento) provoca uma pressão estrutural sobre a inflação. É claro que a convergência se dará um dia, mas acho que este dia é mais distante do que estes mercados apontam atualmente."
"A aversão ao risco da contaminação global da crise européia, manutenção das commodities em patamares estáveis, crescimento acelerado do déficit em conta corrente brasileiro, perda de competitividade industrial e mudança do paradigma de política monetária devem prejudicar a apreciação do real."
"Continuamos achando que se a sustentabilidade fiscal for garantida, o investimento de verdade for retomado e a inflação for controlada, a perspectiva para a recuperação das ações nos próximos anos será excelente."

CSHG - CSHG Strategy II FIA: "De fato, a grande novidade da economia brasileira é a aceleração inconteste da atividade no primeiro trimestre do ano. Neste sentido, os últimos números levaram várias das principais casas de análise do mercado a revisar as projeções de PIB para patamares acima de 7,0% acima de 2010, a maior taxa de crescimento dos últimos 25 anos."
"Nesse momento de maior instabilidade macroeconômica externa, nós acreditamos que a escolha de boas empresas e a manutenção do nosso processo de análise de risco/retorno é de extrema importância para a gestão do portfólio."

SKOPOS: "Alguns eventos são absolutamente previsíveis e mesmo quando acontecem, pegam o mercado de surpresa. A Grécia sempre teve uma política fiscal insustentável, entretanto o mercado de títulos sempre esteve aberto aos gregos. Acreditamos que a Europa era um problema suficientemente grande para trazer ruídos ao Brasil. Por outro lado, fundamentalmente, a China é a maior alavanca dos mercados brasileiros. Assim, como a Grécia, a China vai ser um acidente previsível (especialmente depois que acontecer) mas que vai pegar o mercado de surpresa. Só que neste caso, seremos diretamente afetados."

Claritas: "Projetamos IPCA médio de 0,45% ao mês de junho a dezembro. Somando ao aumulado no primeiro trimestre e às nossas projeções de abril e maio, esperamos IPCA de 6,2% em 2010."
"Consideramos o pacote de ajuda a Grécia, somado aos relaxamentos dos critérios para aceitação de colateral na concessão de resursos da parte do Banco Central Europeu, reduzem sensivelmente a possibilidade de um default soberano no curto prazo. Também fica reduzida a possibilidade de contágio para outros países, bem como os credores gregos ganham mais tempo e oportunidade de ajustarem suas posições ao novo quadro geral."

Guepardo: "Acreditamos que o mercado imobiliário americano ainda é o setor mais atrasado, entendemos que o excesso de oferta criado durante a bolha imobiliária ainda não foi consumido, estima-se que isso deverá ocorrer nos próximos 12 a 24 meses."
"Acreditamos que a cultura grega moderna é tão dependente do governo e tão acostumada ao fato de que sua irresponsabilidade fiscal será salva pelos responsáveis trabalhadores alemães que não restará muita solução, senão um grande remodelamento da cultura grega ou uma eventual saída destes da União Européia."

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A adoção do padrão contábil IFRS

Desde 1976, as empresas de capital aberto elaboram suas demonstrações contábeis baseando-se na Lei das S.A. A partir do início de 2011, devido às mudanças impostas pela globalização e por determinação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), as empresas brasileiras de capital aberto e de grande porte (faturamento bruto anual acima de R$300 milhões ou com ativos acima de R$240 milhões) terão que se adaptar as novas regras contábeis internacionais, implementando seus resultados no padrão IFRS (International Financial Reporting Standards). Dessa forma, o mercado de capitais brasileiro se junta a outros países como Reino Unido, França, Alemanha, Hong Kong, Austrália, além de muitos outros ao movimento de unificação dos padrões contábeis. No Brasil, algumas empresas já adotam esse sistema como Embraer, Natura, Ambev, entre outras.

Como base de valor contábil, o padrão IFRS utiliza o custo histórico, entretanto os ativos intangíveis, o ativo permanente e as propriedades para investimento podem ser reavaliados a valor justo. Atualmente no Brasil utiliza-se o custo histórico, porém itens do ativo imobilizado podem ser reavaliados.

Esse conceito de avaliação de "valor justo" irá impactar no resultado de empresas que possuem ativos biológicos (agrícolas e de pecuária, por exemplo) pois é feita com base no custo de um rebanho ou plantação e deverão ser elaboradas utilizando o conceito de quanto esses ativos realmente valem, ou seja, o valor que esperam obter com sua venda.

Outras mudanças significativas decorrem da "demonstração de outros ganhos e perdas reconhecidos", pois as IFRS requerem uma demonstração em separado dos outros ganhos e perdas reconhecidos em nota explicativa ou de forma destacada na demonstração das mutações do patrimônio líquido, o que não ocorre na apresentação atual; e, das informações por segmento de negócios, onde as empresas de capital aberto devem divulgar informações sobre os segmentos primário e secundário (de negócio e geográficos) com base nos riscos e recompensas e na estrutura interna de apresentação de informações gerenciais nas IFRS. No período atual brasileiro, essas informações não são requeridas.

Também há mudanças relevantes para empresas que operam com contratos de longo prazo, como empreiteiras e concessionárias de serviço público e empresas do setor de varejo que utilizam operações de financiamentos mais longos.

Ou seja, as principais vantagens na emissão de relatórios seguindo o padrão IFRS consistem na melhoria da transparência da contabilidade, o que facilita uma comparação de empresas brasileiras com suas concorrentes no exterior e em uma melhor qualidade de informações aos acionistas valorizando a imagem da empresa devido a melhora na governança corporativa. Por conseguinte, atrai novos investidores e pode também facilitar processos de fusões ou aquisições.

Caso tenha interesse em compreender mais diferenças ou semelhanças entre as mudanças das regras contábeis, segue a seguir o link com um estudo desenvolvido pela PriceWaterHouse Coopers: http://www.pwc.com/pt_BR/br/ifrs-brasil/assets/semelhancas-diferencas-por.pdf

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Bradesco - Valuation



Nesse post, apresento o modelo de valuation do Bradesco que desenvolvi seguindo o livro "Buffettology" de Mary Buffett, e nele demonstro dois cenários: o realista, partindo dos números da empresa apresentados nos últimos 11 anos e assumindo premissas mais conservadoras; e o idealista, partindo do mesmo histórico e dando continuidade à tendência positiva apresentada nos últimos anos. No fim, é nítido que mesmo os cenários sendo distintos, o valor intrinseco do ativo não proporciona um preço muito além do outro cenário.

Objetivo:
O objetivo deste valuation é apenas proporcionar mais um método de análise de empresa e buscar o valor intrínseco de seu ativo para os próximos 5 anos, ano a ano. Afirmo que esta análise não possui qualquer indicação de compra ou venda do ativo. Gostaria de deixar claro que não possuo ações do Bradesco e não tenho interesse em adquirir pelo menos no curto prazo, apesar de ser uma empresa lucrativa e com resultados crescentes ano a ano. Para este blogueiro pessoalmente, na atualidade, opto por ações de outros bancos no setor por possuírem fundamentos melhores que o Bradesco.

Método utilizado:
O método utilizado simplifica muito o valuation de qualquer empresa. Nele, fica claro o uso de apenas dados da empresa coletados dos últimos 11 anos como o lucro líquido, o ROAE, lucro por ação, patrimônio líquido, payout e índice preço/lucro. Sendo assim, o cenário macroeconômico é deixado de lado. Pode haver contestação quanto a esse método, porém o mesmo utilizado não deixa de ser mais uma análise válida de mercado. Para este método, o importante é desenvolvê-lo em busca do lucro por ação anual e com isso definir o valor intrínseco do ativo.

Dados coletados:
Como é possível verificar nas duas tabelas acima, os dados foram retirados das apresentações dos últimos trimestres de cada ano da empresa. Alguns dados podem estar equivocados, pois a empresa modificou sua estrutura acionária por diversas vezes em decorrência de aumento de capital social, agrupamento e bonificação de ações. Nas apresentações da empresa, conforme os períodos se encerram muitos dados também se alteram e acabam ficando confusos para uma coleta maior de dados para análise devido às modificações. Portanto, levo em consideração a maioria dos dados retirados da apresentação do último trimestre de 2009.

Cenário Realista - Conservador:
Neste cenário, foi utilizado uma rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) de 19,7% ao ano para os próximos 5 anos e um payout de 33% sobre o valor integral do lucro líquido. Para o número de ações, acrescentei 1,8% a mais de ações por ano no mercado provenientes da empresa, pois esse valor é a média de crescimento ocorrida nos últimos 5 anos. Para o valor intrínseco encontrado, foi também definido um P/L médio de 22,5x para a empresa, o que significa aproximadamente 2 pontos abaixo de seu nível histórico. O crescimento do patrimônio líquido fica sendo de 12% para os próximos períodos, sendo utilizado por ser o menor valor encontrado em pelo menos 2 períodos dos últimos 11 anos da empresa. Para o fim de 2010, o valor intrínseco da ação fica em R$46,00.

Cenário Idealista:
Neste cenário o percentual de crescimento de patrimônio líquido aumenta para 20,1% (definido pela média dos últimos 11 anos). O payout utilizado foi definido como 31,5% e a rentabilidade sobre o patrimônio líquido em 20,9%, sendo estabelecido por ser a média dos últimos 11 anos. O valor intrínseco para o fim de 2010 ficou em R$47,32.

Definições:
O payout oficial do Bradesco é calculado de uma forma não convencional e fica estabelecido como o valor recebido pelos acionistas a título de dividendos e/ou juros sobre capital (líquido de IR) dividido pelo lucro líquido contábil ajustado pelas amortizações de ágios extraordinários (descontado a reserva legal (5% do lucro líquido)).

O valor intrínseco fica estabelecido como: o valor da ação ao final do ano somando-se o valor de retenção do payout sob o ROAE. Ou seja, o payout é 33%, portanto o valor de retenção é 67%.

Conclusão:
As perspectivas para o Bradesco são interessantes e bastante favoráveis para os próximos anos devido ao setor ser extremamente lucrativo e a empresa ter uma excelente administração que visa manter o crescimento do ROAE em torno do 20% ao ano. Nos dois cenários apresentados verificou-se uma variação de aproximadamente 3% no valor intrínseco da ação, o que projeta que os cenários, mesmo distintos, não se modificam de uma forma abrupta.