quarta-feira, 2 de junho de 2010

O impacto da variação cambial no resultado das empresas

Bolsa em baixa, Dólar em alta ou Bolsa em alta e Dólar em baixa. Na maioria dos pregões há uma percepção grande quanto a correlação do sentido contrário em que caminham. O fluxo dos investidores estrangeiros interfere, em sua maior parte, para que isso ocorra. Neste post, irei analisar algumas empresas e seus respectivos endividamentos em moeda estrangeira e como isso interfere diretamente nos resultados trimestrais.

Desde o encerramento do mês de Março até o dia 2 de Junho, o Dólar obteve uma pequena alta de 0,85%. Já o Índice Bovespa desvalorizou-se 10,6%. O que corroborou para a obtenção desses valores foi a saída de R$1.2 bilhões em Abril dos investidores estrangeiros. Porém, em Maio, estes mesmos investidores injetaram mais R$1.5 bilhões na Bolsa brasileira, o que mostra que mesmo sendo valores significativos, influenciam no resultado do índice, entretanto não sendo fator único. A média mensal de participação destes investidores nos últimos meses fica em torno dos 30% do volume total da Bolsa.

Sendo assim, a desvalorização da moeda brasileira frente ao Dólar também corrobora no impacto dos resultados das empresas brasileiras a cada trimestre devido as dívidas das empresas, principalmente as de curto prazo, estarem em partes atrelada a moedas e taxas de juros internacionais. Há também outros motivos relacionados às moedas internacionais impactarem nos resultados das empresas como a utilização de Hedge e Derivativos estarem indexadas a moeda norte americana.

Como anunciado no release do primeiro trimestre de 2010 da Gerdau, a empresa possuía 9% de sua dívida bruta sendo de curto prazo. Esta dívida possuía 41% em moedas estrangeiras e empresas no exterior. A dívida total da empresa estava composta por 21% em Reais, 36% em moeda estrangeira contratada por empresas no Brasil e 43% em diferentes moedas contratadas pelas subsidiárias no exterior. Em relação ao caixa da empresa, este possuía 37% do total, em 31 de Março, sendo dólares norte americano. No trimestre, o desempenho do resultado financeiro foi negativo de R$247 milhões, devido principalmente a desvalorização de 2,3% do Real frente ao Dólar no período. Portanto, por essa indicação, é possível supor que caso a moeda norte americana continue a valorizar-se até o fechamento do mês de Junho, a empresa irá ter um resultado financeiro negativo.

A TAM divulgou seu release de resultados do 1t10 afirmando que obteve uma despesa líquida de R$26,1 devido a variação de R$1,74 para R$1,78 a cada Dólar no período. Em relação ao endividamento, a empresa anunciou que 84% do endividamento total está denominado em moeda estrangeira. Sobre a dívida total, 19% é considerada de curto prazo. Desse valor, apenas 24% está atrelada ao Real. Isto nos remete a ter certa precaução em relação ao resultado financeiro da empresa caso o Dólar continue a se valorizar frente ao Real.

A Fibria obteve um resultado financeiro líquido negativo de R$341 milhões. Apenas relacionada a variação cambial a perda ficou em R$209 milhões no período (1t10), devido a valorização de 2% do Dólar frente ao Real. Em relação a dívida bruta no período, 62% está indexada em moeda estrangeira. Devido ao grande percentual da dívida total da empresa estar atrelada ao Dólar norte americano, a empresa utiliza-se de derivativos. Porém, mesmo utilizando operações de Hedge para esta posição a empresa obteve uma perda de R$13 milhões no período.

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