sexta-feira, 30 de abril de 2010

Investir em ações baseando-se em análise fundamentalista: fácil ou difícil?

Depende! Essa palavra que irrita, intriga, gera idéias antagônicas, que uns odeiam receber como resposta, outros gostam de utilizá-la pois há diversas variáveis que podem ser explicadas através. Pois é assim que muito investidor, tanto pessoa física como profissionais do mercado, pensa e age.

Investir em ações baseando-se em análise fundamentalista depende:

- Você investe ou pensa em investir em curto, médio ou longo prazo? Quanto significa cada um desses períodos pra você? Será disciplinado o bastante para realmente investir no período selecionado?

- Devo investir em uma ação específica, em um fundo de índice ou em um fundo de ações em Banco/Corretora/Asset?

- Invisto em uma Blue-Chip, em uma Mid Cap, em uma Small Cap, em uma turn-around ou em um mico? Qual é a real diferença de uma para outra?

- Em qual setor devo investir e por quê? Estarei investindo no momento do setor ou ele tem perspectiva de médio/longo prazo?

- Invisto em empresas de consumo cíclico ou não cíclico? Voltada ao consumo interno ou à exportação?

- A empresa no seu respectivo setor é monopolista, duopolista ou apenas mais uma comum?

- Invisto na empresa que é líder no setor ou em uma menor com maior perspectiva de crescimento?

- A administração da empresa é conservadora, moderada ou arrojada? Em qual estou mais disposto a seguir?

- A administração da empresa é familiar ou profissional (independente)? Muda de controle constantemente ou não?

- A empresa é transparente em relação às suas obrigações com o mercado? Como é realmente a Governança Corporativa dela? É negociada como Novo Mercado, no nível 1 ou 2, é BDR (Brazilian Depositary Receipts) ou Bovespa Mais?

- A empresa possui ADR(American Depositary Receipts)? Se sim, quais ou benefícios ou malefícios em relação a isso?

- A companhia que você investe ou irá investir cresce a níveis satisfatórios todos os períodos? O que é satisfatório pra você e qual período utiliza?

- A companhia possui bons fundamentos (P/L, P/VP, P/Ebit, PSR,...)? Desses, quais você utiliza? Por quê? O que te leva a utilizá-los? Não se esqueça que em todos os setores, temos que analisar alguns fundamentos distintos para outro, pois cada um possui especificidades relevantes.

- A queda ou alta da taxa de juros do país, beneficia ou prejudica a empresa que irá investir ou está investido? Por quê? Você deve antecipar essa mudança ou manutenção dos juros? Dará resultado?

- A empresa que irá investir ou está investido paga dividendos? São pagos de forma constante? São "gordos"?

- Inflação alta ou baixa, afeta ou beneficia o crescimento e os resultados da empresa?

- O custo de oportunidade de se investir na empresa A, é maior que investir na empresa B?

- As margens da empresa estão melhorando? Para qual margem você se atenta mais?

- A empresa estabelece sua dívida em função do câmbio. Um real forte, valoriza ou desvaloriza as ações da empresa? E um Real fraco frente à moeda internacional?

- As ações possuem liquidez no mercado à vista? Isso me afeta ou não?

- Se a empresa que invisto ou irei investir possui uma carteira de clientes e/ou pedidos fora do país, uma eventual crise no país específico ou na região afetaria ou não os resultados dessa empresa?

- No fim das contas, meu risco/retorno vale à pena?

Portanto, talvez por todas essas questões, muitas pessoas que não acompanham ou não conhecem esse mercado não conseguem ou conseguiriam fazer esse filtro enorme e acabam por dizer que a Bolsa é como um Casino.

E é por isso que a Bolsa e o mercado de ações são fascinantes. Pois cada um filtra as respectivas informações necessárias, pensa e age de uma forma distinta dos demais.

Parece fácil responder todas essas questões acima, não? Depende apenas de sua dedicação, do tempo que irá "gastar", do amor pelo seu dinheiro,...afinal, tudo na vida tem seu preço!

Para finalizar, coloco citações de investidores fundamentalistas reverenciados pelo mercado que mostram um pouco de seus pensamentos sobre essa magnífica arte do investimento em ações:

"Você nunca estará certo ou errado porque o mercado discorda de você. Você estará certo se os seus dados e seu raciocínio estiverem corretos" Benjamim Graham

"A esfera de um negócio é uma coisa interessante. É impressionante a fotografia que se pode fazer dos pontos fracos e fortes de uma determinada empresa pelo cruzamento de informações daqueles que, de uma forma ou de outra, estão preocupados com uma firma em especial" Philip. A. Fisher

"Investimento é a arte do específico e a seleção é muito mais importante que o timing" Jim Slater

domingo, 25 de abril de 2010

As piores do ano

Nesse post, farei um estudo contrário dos muitos que vemos por aí. Aqui, colocarei informações referente às empresas de pior rentabilidade no ano dentro do IBrX-100 e porque amargam esse desprezo pelo mercado em 2010.


Brasil Telecom e Telemar - Sendo negociadas na Bovespa com os tickers BRTO4 e TMAR5, a primeira amarga, em 2010, uma queda de 31,0% enquanto a segunda cai 22,8%.
Uma desorganização em relação a nova estrutura societária, devido a incorporação de uma pela outra; falta de transparência; patrimônio líquido irreal da BRTO4 devido aos "novos" números (R$ 2.5 Bi de incontigências judiciais) indicados pela empresa no mês passado; incertezas no valor de troca por ação; tudo isso, aliado ao Fato relevante da Brasil Telecom de Abril/2008 que anunciava uma estimativa de 120 dias para um reestruturação societária desagradam investidores e faz com que as ações dessas empresas tenham um resultado pífio no ano até o momento.


B2W - Negociada com o ticker BTOW3, a ação da americanas.com junto ao Submarino tem uma queda 23,1% no ano até o momento. Apesar da aposta de muitos investidores para esse ano serem o consumo interno e varejo, as ações da empresa apresentam a segunda pior performance do IBrx-100. Queda nas margens bruta e líquida de 2009 em relação a 2008, acarretando numa queda do lucro líquido da companhia referenciando os dois anos acima; aumento considerável da despesa financeira (R$93,1 milhões no 4T09 ante R$58,2 milhões no mesmo período). Isso, aliado aos atuais números fundamentalistas da empresa como P/L acima de 87, P/VP e P/EBIT altíssimos apontam o porquê da rentabilidade das ações da empresa no ano.


Copasa - CSMG3 - As ações da Copasa amargam uma queda de 22,3% no ano até o momento. Dentro de uma grande parte das ações que compõem o IBrx-100 atualmente, a Copasa é uma das empresas que possui excelentes fundamentos. P/L em 5,5; P/VP em 1,2; margem líquida em 16,2%; DY em 6,2% e ROE em 14,1% mostra que as ações da empresa vem sofrendo em demasia sem grandes explicações até o momento. A queda do resultado financeiro (R$11.2 em 2009 ante R$52.9 em 2008) explicado pela queda do ganho real em aplicações financeiras; o aumento de custos com pessoal e material; o não reajuste de preços de serviços de água e esgoto desde Março/2008 e o risco político pela eleição de um Governador/MG que possa modificar alguma estrutura atual na empresa, visto que a empresa é estatal, são os possíveis e motivos pela rentabilidade da empresa no ano.


JHSF - JHSF3 - As ações da empresa apresentam uma queda, em 2010, de 20,5%.
Como coloquei em posts anteriores, não apenas JHSF vem amargando uma queda na rentabilidade das ações esse ano, mas a maioria das empresas do setor. O impacto na mudança da contabilização dos resultados pela implementação do IFRS (International Financing Reporting Standard) e um aumento das taxas de juros pelo Banco Central brasileiro podem estar penalizando as ações do setor. Em relação especificamente a JHSF, acredito que a empresa vem sofrendo mais que suas concorrentes do setor (dentro do IBrX-100) devido a não auditoria independente no EBITDA ajustado de 2009 e pela falta de resultados recorrentes, visto que a empresa teve um lucro elevado em 2009 devido a efeitos não recorrentes como a venda de Edifício Pinheiro Neto e do Shopping Metro Santa Cruz.


Açúcar Guarani - ACGU3 - A ação da companhia sofre uma queda, até o momento, de 18,9% no ano. Desde o início de Fevereiro já são mais de 25% de baixa. Alguns prováveis fatores para isso são: como commoditie, a rentabilidade das cotações do açúcar no mercado internacional caindo pouco mais de 40% no ano e a má receptividade pelo mercado em relação a reestruturação societária da empresa que será incorporada de forma total da TEREOS (empresa do ramo de alimentos e bioenergia) pela Guarani, que irá se transformar em um grupo controlador sob a Guarani (Brasil - açúcar) e Grupo Tereos (careal na Europa e cana de açúcar na região do Oceano Índico), listando suas ações no mercado brasileiro e na NYSE Euronext de Paris.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Petro/Vale dependência

O Índice Bovespa é composto, atualmente, por 63 ações. Em termos de liquidez, as ações integrantes da carteira teórica do IBOV respondem por mais de 80% do número de negócios e do volume financeiro verificados no mercado à vista da Bovespa. Este índice é recomposto a cada 4 meses. Caso queira entender um pouco mais sobre a composição e a formulação do Ibovespa, acesse: http://www.bmfbovespa.com.br/Indices/download/IBovespa.pdf


Dentre as 63 ações que compõem o Ibovespa, nada menos do que 14 ações ou 50% do peso do índice correspondem a empresas ligadas diretamente a commodities. Diante disso, de uma forma sincera, não sei, portanto, se o título deste post está correto ou seria melhor colocar como "A Commoditie dependência".


Commoditie pode ser definido como mercadorias, principalmente minérios e gêneros agrícolas, que são produzidos em larga escala e comercializados em nível mundial e por ser negociado em Bolsas de mercadorias, seus preços são definidos em nível global, pelo mercado internacional. O Brasil é um grande produtor e exportador de commoditie e dentre as principais estão petróleo, café, suco de laranja, minério de ferro, soja e alumínio.


Dentre as 5 empresas com maior peso no índice estão: Vale (17,3%), Petrobras (14,5%), Itau-Unibanco (4,7%), BMFBovespa (4,2%), e Gerdau (3,7%). Portanto, apenas entre as 5 empresas com maior peso no índice, 3 estão ligadas diretamente a commodities constituindo mais de 35% do Ibovespa.

Para efeito de comparação, estive analisando alguns outros índices de Bolsas pelo mundo e constatei que apenas na Rússia, assim como no Brasil, ações de um mesmo setor constituem um nível elevado dentro do índice criando uma dependência na rentabilidade. Na Rússia, o índice RTS, possui entre as 5 ações com maior peso, 4 ligadas diretamente a commodities ou 46,5%. Para se ter conhecimento, Gazprom e Lukoil com 15% cada, Sberbank com 13,7%, Rosneft (empresa ligada ao setor de óleo e gás) com 8,5% e Norilsk Nickel (empresa voltada ao setor de minerais) com 8%.

Continuando alguns comparativos, temos nos EUA índices bem mais balanceados. No Dow Jones atual, por exemplo, temos IBM (8,7%), 3M (5,8%), Chevron (5,6%), United Technologies (5,2%) e Boeing (5,0%). Já no SP500, temos ExxonMobil (3,0%), Microsoft (2,2%), Apple (2,2%), General Electric (1,86%) e Procter & Gamble (1,7%).

Outros índices que estive analisando e que também possuem empresas em setores distintos tornando o índice mais balanceado são: DAX (Alemnaha), Swiss Market Index (Suiça) e AEX (Holanda). No DAX as 5 ações com maior composição no índice são: Siemens e E.ON com 10% cada, Bayer (8%), Allianz (7,5%) e Basf (6,9%).

Na Bolsa Suiça, predominam: Nestle (21,4%), Novartis (16,2%), Roche (15,6%), UBS (9,1%) e Credit Suisse (8%). Na Holanda as 5 ações com maior participação são: Unilever e Royal Dutch Shell com 15% cada, KPN (10,3%), Arcelor Mittal (9,2%) e Philips (6,9%).

Portanto, como constatação diante do quadro visto acima, é possível definir as Bolsas do Brasil e Rússia muito dependentes do mercado internacional que define os preços das commodities. No meu modo de ver isso não pesa contra ou a favor dos respectivos índices, mas torna uma "obrigação" estar atento aos mercados futuros que definem os preços dos produtos. Não se pode esquecer que cada país tem em seu índice de Bolsa uma formulação diferente e se modificam mais rapidamente ou não, o que dificulta uma comparação ou análise maior em relação a este tema.

Caso tenha interesse em entender um pouco mais sobre os índices de Bolsas, acesse: http://www.absoluteastronomy.com/topics/List_of_stock_market_indices

sábado, 17 de abril de 2010

Acompanhamento do Ibovespa


Façamos aqui um acompanhamento mais próximo do Ibovespa até o momento no ano de 2010. Para isso selecionei ações de 6 setores que compõem ou não o índice, mais as empresas de Eike Batista. Como é possível visualizar nos gráficos acima, o ano de 2010 até o momento está no positivo devido ao alto ganho do setor siderúrgico e com algumas poucas outras ações se destacando. Cabe aqui ressaltar que somando-se apenas as ações de Vale, Gerdau, Usiminas e CSN, o índice Bovespa possui atualmente 30,01%.

Construção Civil: até o momento é o setor que mais decepciona em relação a rentabilidade no ano. De fato, devido aos bons fundamentos, Helbor, Eztec e Brookfield tem se sustentado de uma forma melhor em relação aos seus concorrentes. O que chama a atenção para as empresas desse setor é o bom e contínuo momento vivido pelas vendas e pelos guidances apresentados para o ano de 2010. Com isso, a expectativa de crescimento da receita das empresas deve continuar em um ritmo acelerado. Provavelmente, diria até em breve, o mercado deve acordar novamente e olhar com mais interesse os ativos que compõem esse setor. Um provável fato negativo até aqui pode ser a precificação do mercado em torno de um aumento nas taxas de juros.
Bancos: Bicbanco, ABC, Banco do Brasil, Parana Banco e Banco Pine. Bons fundamentos, lucros recorrentes e boas administrações devem ser, de fato, os motivos para os ativos estarem com rentabilidade positiva no ano. O provável aumento dos juros por parte do Banco Central também pode estar afetando, em geral, as ações do setor.
Medicamentos: a política de dividendos e o ROE elevado fazem o mercado enxergar a Cremer como uma empresa diferenciada e isso fica evidente pela rentabilidade que a empresa apresenta no ano. Drogasil é outra empresa que chama a atenção pelo forte crescimento do lucro líquido apresentado nos últimos 2 anos. Acredito, porém, que a empresa poderia trabalhar voltada para uma melhora da margem líquida.
Siderurgia: o setor que vem sustentando o Ibovespa no campo positivo em 2010. O recente reajuste de 100% do minério de ferro acarretando também em um reajuste nos preços do aço, assim como a alta do cobre no mercado futuro fazem com que as empresas do setor tenham uma valorização muito acima do média do mercado no momento.
Óleo e Gás: enquanto a Petrobras não definir o projeto em relação a capitalização da empresa, somada as dúvidas da PetroSal, as ações da companhia continuarão em tendência indefinida.
Consumo: Hypermarcas é uma das ações que se destacam no setor no ano. A empresa com sua política agressiva de aquisições em 2009 faz com que cresçam as expectativas em relação ao retorno desses investimentos. Caso a empresa apresente uma boa administração, de fato será uma empresa de produtos não cíclicos quase monopolista e esse tipo de empresa é o investimento favorito de Warren Buffett. Agora, o momento é acompanhar os próximos resultados.
Energia: setor "sempre" estável e com excelente política de dividendos pela maioria das empresas. Apresenta, no momento, diversas possibilidades de investimento com estabilidade acima da média do mercado. ELPL6, GETI4, ENBR3, COCE5 são algumas alternativas interessantes. Um início de consolidação no setor também pode agitar positivamente algumas empresas.
Empresas X: por último deixei para comentar as empresas de Eike Batista. Possuindo quase 3% do Ibovespa, essas empresas fazem parte do clássico jargão: 8 ou 80. Ou o investidor acredita na figura do empresário Eike Batista e no sucesso das empresas do grupo ou não confia e dificilmente irá confiar até que elas apresentem balanços consistentes, o que provavelmente irá demandar um pouco de tempo. No momento são empresas que apresentam boa liquidez no mercado devido a alta volatilidade dos papéis, o que gera oportunidades para os especuladores.

domingo, 11 de abril de 2010

Indicadores Atuais da Bolsa Brasileira


P/L - Preço / Lucro = Preço da ação dividido pelo lucro por ação. O P/L é o número de anos que se levaria para reaver o capital aplicado na compra de uma ação, através do recebimento do lucro gerado pela empresa, considerando que esses lucros permaneçam constantes.

Dividend Yield = dividendo pago por ação dividido pelo preço da ação. É o rendimento gerado para o detentor da ação pelo pagamento de dividendos.

Os indicadores P/L e DY são muito utilizados por fundamentalistas para avaliar empresas. De fato, utilizar apenas esses dois indicadores para avaliação é muito pouco. Entretanto, nesse post dou ênfase a apenas eles para mostrar a situação do mercado de ações brasileiro em termos destes indicadores. Um P/L de 10 e um DY de 6% são valores que podem ser considerados interessantes para um investimento em ações, apesar de outras ações não poderem ser desconsideradas por estarem com valores acima ou abaixo destes.

Após o Ibovespa encerrar o dia 9/4 aos 71.403 pontos, o índice encontra-se com P/L de 19,7 e DY de 5,47%. Como cheguei a esse valores? Multipliquei o valor do indicador de cada ação por seu peso no Ibovespa. Caso fosse feito um cálculo sem peso por ação, a média do P/L estaria em 22,7 e o DY em 4,26%. Nesses cálculos desconsiderei ações com P/L acima de 100 e negativo. No caso do DY, foram excluídas as ações com valor igual a zero.
Portanto, foram excluídas para P/L: ALLL11, BRTO4, BRFS3, JBSS3, LLXL3, MMXM3, OGXP3, TNPL3, TNLP4 e TMAR5.
Já para o DY não levei em conta as ações: BRTO4, BRKM5, CSAN3, FIBR3, GoLL4, LLXL3, MMXM3, NETC4, OGXP3 e TCSL3.

Na tabela acima, é possível visualizar o atual momento da cada empresa e a média do respectivo setor, sendo plausível também uma comparação com os outros setores apresentados. Atualmente, nota-se uma diferença grande para o setor siderúrgico em relação aos outros dois setores citados, porém isso também deve-se ao fato das empresas siderúrgicas terem se valorizado mais nos últimos dias.

Portanto, por esse tabela, é possível selecionar as ações mais atrativas no momento considerando apenas os dois indicadores. Após esse filtro, uma análise mais profunda sobre as empresas seria interessante para verificar se há eventos não recorrentes ou outras considerações que os fazem, no período, apresentar bons P/L's e DY.
Assim, seguem algumas ações que chamam atenção para um investimento, independente da liquidez no mercado à vista:
  • Setor Elétrico: GETI4, ELPL6, COCE5, LIGT3, EQTL3, TRPL4.
  • Setor Bancário: BGIP4, BICB4, PINE4, PRBC4 e BBAS3.
  • Setor Siderúrgico: CSNA3 e USIM5.

* Todos os dados da tabela foram retirados do site http://www.fundamentus.com.br/
** Na parte de baixo da tabela, foi excluído o maior e o menor valor de cada indicador no setor para se obter uma média mais precisa.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Investindo em ações do setor de Construção Civil - Parte 2


Encerrada a temporada oficial de divulgação de Balanços do ano de 2009. Com isso, é possível desenvolver algumas análises. Para iniciar, começo comparando com o post do início de Fevereiro sobre o setor de construção civil, onde as empresas apresentavam os dados do 3 trimestre de 2009.
Apesar de praticamente todas as empresas apresentarem números melhores aos do trimestre anterior decorrente da melhora do cenário macroeconômico no país tendo como consequência um aumento significativo da receita de cada empresa devido ao aumento das vendas, minhas ações preferidas para investimento continuam sendo EZTC3 e HBOR3, pois continuam a apresentar indicadores superiores às suas concorrentes.
O que realmente me chamou a atenção lendo o Press Release de todas as empresas é a enorme diferença da apresentação de uma para outra. A transparência dos números passados pelas empresas deveria ser mais bem divulgado. Digo deveria, pois em alguns casos não são. E, devido a isso é necessário uma análise minuciosa para encontrar detalhes importantes numa tomada de decisão sobre o investimento.
Irei abordar aqui alguns pontos negativos e positivos que me chamaram a atenção nessa análise. De fato, é impossível colocar meu pensamento sobre todas empresas e suas perspectivas, por isso destaco apenas os mais relevantes.
Pontos negativos:
  • Even - Balanço não revisado por auditores independentes.
  • JHSF - EBITDA não auditado e na Receita de 2009 já incorporam valores não recorrentes recebidos no início de 2010 (R$60 mi referente à venda de parte do Edifício Pinheiro Neto).
  • Inpar - EBITDA ajustado não auditado. Não acompanhou o ritmo de vendas de suas concorrentes no período e teve uma queda em relação à Receita de 2008.
  • PDG Realty - Na parte de baixo da segunda página do Release, a empresa menciona que devido a utilização do BR GAAP, a mesma não considera o EBITDA como substituto do Lucro Líquido como indicador do desempenho operacional e que não pode ser utilizado como critério de comparação com o mesmo indicador em relação às outras empresas. Essa afirmação é colocada para mencionar que cada empresa pode caracterizar os números do EBITDA como bem entender. Particularmente, após ler isso no início da apresentação, eu, como investidor, já fiquei com má vontade de ler o restante. Acredito ser totalmente desnecessário uma indicação dessas por parte de uma empresa, o que demonstra, na minha visão, fraqueza.
  • MRV - Uma empresa transparente e parceira do governo federal nos programas habitacionais, o que gera certa confiabilidade na continuidade do crescimento dos resultados, porém incluo-a em ponto negativo pois igualmente PDG Realty, utiliza a mesma frase em relação ao EBITDA, no entanto ao final de seu release.
  • Rossi - A empresa, também parceira do governo federal em alguns projetos, vinha apresentando transparência e bons números até colocar um * no resultado da Margem Bruta. Com isso, foram apresentados dois valores para Margem Bruta no período. Fica a critério do investidor qual utilizar, a que a empresa apresenta uma melhora excluindo os fatores financeiros ou a que a empresa mostra uma piora em relação ao período anterior. Outro dado relevante é a dívida de curto prazo da empresa que chega a 42,6% do total do endividamento da empresa.

Pontos positivos:

  • Cyrela - A transparência e a organização no press release, além dos sólidos números, deixa qualquer investidor mais confortável para um investimento.
  • Helbor - Um exemplo de press release. Transparência, organização e fácil visualização. Além de tudo, apresenta crescimento contínuo e consistente. Uma bela empresa.
  • Gafisa - Release com transparência. Possui evento não recorrente no 4T09 de R$13.5 mi devida a incorporação da Tenda. Sem isso, o Lucro Líquido do próximo período pode impactar de forma positiva.
  • Tecnisa - Apesar do baixo volume de lançamentos no ano de 2009, não acompanhando o ritmo de suas concorrentes, a empresa se encontra com grande caixa para investir. Em minha opinião, essa empresa pode surpreender positivamente nos anos de 2010/2011.
  • Eztec - Empresa sólida e de crescimento contínuo. Vejo nela o melhor investimento no setor, principalmente por apresentar suas margens líquida e EBITDA acima da média do setor. Como ponto negativo do 4T09, destaco a política diferenciada de bônus implemetada aos funcionários que impactou negativamente no lucro líquido do período. Sem isso, o resultado da empresa teria sido mais considerável.
  • Brookfield - Empresa com boa administração e transparência nas informações. Apenas não investiria nela no momento, pois há outras já mencionadas neste post com indicadores mais interessantes.

* Todos os dados de indicadores da tabela anexa foram retirados do site http://www.fundamentus.com.br/

** A nova empresa do mercado, AGRE, não foi mencionada nenhuma vez neste post, pois foi recém criada de uma fusão envolvendo Agra, Abyara e Klabin Segall. Sendo assim, ainda não há dados suficientes para uma comparação com as outras empresas do setor.