domingo, 7 de março de 2010

Operando Spreads


Um tipo de operação muito utilizado no Mercado de Capitais é operar spreads (diferença de valores) entre ativos como ações, derivativos, moedas, etc. Operar spread pode ser também chamado de arbitragem. Isso ocorre quando a diferença no valor da cotação do ativo X se descola mais que o normal dos preços do ativo Y. E, é justamente nesse momento que surge a oportunidade em operar spreads.

A operação pode ser feita pela simples troca de ativos (sempre comprado no ativo) ou como long/short (compra um ativo e vende o outro) acreditando na subida dos preços de um ativo o no declínio dos preços do outro, ganhando assim rentabilidade nas duas pontas.

Apesar das diversas oportunidades que esse mercado apresenta em relação a esse tipo de operação, nesse post, especificamente, irei comentar apenas de ativos do mercado de ações brasileiro.

A operação é feita de forma simples onde ocorrem as trocas do ativo x pelo ativo y, caracterizando uma operação de baixo risco, visto que a empresa onde se está investindo continuará a mesma. Como exemplo irei citar a troca de ações de PETR3 por ações de PETR4. No gráfico acima apresento a diferença real dos ativos ao longo do tempo. Mais abaixo, nesse post, irei apresentar um exemplo fictício dessa operação.

Na cotação real do gráfico semanal, desde fevereiro de 2005 até 5 de março de 2010, podemos notar que a diferença no valor dos ativos já variou entre R$1,62 a R$9,71. Já no gráfico diário dos últimos 18 meses, essa diferença foi de R$9,11 na máxima e R$3,37 na mínima. Uma outra forma utilizada por alguns investidores ou especuladores é calcular a variação percentual de um ativo para o outro, porém considero em valores reais uma forma mais prática.

Num exemplo fictício teríamos em carteira já investidos 1000 ações de PETR3. No momento atual o ativo está a R$35,00. No mesmo momento uma ação de PETR4 encontra-se a R$25,00. No caso, apenas faríamos a troca dos ativos vendendo as 1000 PETR3 a R$35,00 cada e comprando 1400 ações de PETR4 com os mesmos valores adquiridos na venda de PETR3. Aguarda-se então uma maior proximidade do preço dos ativos para fazer à re-troca.
Continuando no exemplo, PETR4 se valoriza mais que PETR3 numa tendência de alta do mercado e agora se encontra a R$30,00 enquanto que PETR3 foi a R$37,00.
Nesse momento pode-se efetuar à re-troca vendendo as 1400 PETR4 a um resultado bruto de R$42.000,00 e comprando 1135 PETR3.
Nesse exemplo específico, o investidor/especulador ganhou 135 ações de PETR3 nessa operação, o que equivaleu a R$4.995,00.
Apresentando as contas de forma mais clara e simples após a re-troca, teríamos R$42.000,00 (1400 PETR4 x R$30,00). Já para PETR3, caso não tivéssemos feito a troca teríamos R$37.000,00 (1000 ações x R$37,00 cada). Ou seja, diminuindo um pelo outro, teríamos apurado um resultado bruto de praticamente R$5.000,00.

Essa operação pode ser feita também quando os ativos estiverem numa tendência de queda, bastando apenas uma anormalidade verificada na base de preços coletada dia a dia ou semana a semana.

No mercado brasileiro, há ainda inúmeras oportunidades desse tipo de operação. O mais normal seria operar com ativos da mesma empresa ou do mesmo setor para haver um melhor gerenciamento de risco. Dentro desses casos é possível operar spread entre VALE5 x VALE3, USIM5 x USIM3, PETR4 x VALE5, BBDC4 x BBAS3, CYRE3 x GFSA3, TAMM4 x GOLL4, TAMM4/GOLL4 x PETR4, etc...

Um comentário:

  1. Belo post Beto.
    Aproveito pra acrescentar e falar que uma maneira (um pouco mais quantitativa) de se escolher os pares é através do conceito de cointegração. Para quem quiser ler mais sobre isso (começando pela diferença entre os conceitos de cointegração e correlação) recomendo o blog do Ernest Chan

    http://epchan.blogspot.com/2006/11/cointegration-is-not-same-as.html

    Abração

    Fabio Niski

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